Ao cair da noite!
Coletâneas de contos sempre despontaram como um atrativo à parte na bibliografia de Stephen King. Ao cair da noite foi o quinto livro de contos vasculhado do mestre e alvitrou um esgotamento da qualidade narrativa se equiparado a outros títulos com propostas semelhantes como Sombras da Noite, Tudo é Eventual, Quatro Estações e Escuridão Total sem Estrelas.
Ao cair da noite foi a oitava coletânea de contos publicada pelo mestre do terror, no ano de 2008. No entanto, as breves narrativas só desembarcaram em terras tupiniquins três anos depois, no lançamento da Editora Suma. Com 13 histórias para apreciação do fiel leitor, alguns contos se mostram um tanto enfadonhos, com repertório pouco variado, faltando evocar não apenas o tão característico terror em suas obras, como um pouco da atmosfera e estética comumente observadas em outras coletâneas.
Dos 13 contos é possível destacar: Willa (enredo bem envolvente e com boa dose de mistério); Posto de parada (divertido, consegue reclamar, sem muito esforço, atenção do Fiel Leitor); N (a talvez narrativa mais assustadora da antologia. Trama tão intrigante quanto perturbadora, desenvolvida de forma epistolar, com ênfase em fantasia e loucura); O gato dos infernos (embora a perspectiva seja um tanto absurda, se os questionamentos acerca da veracidade forem deixados de lado, a leitura pode se tornar cativante) e Ayana (não desponta como uma mostra de inventabilidade, mas facilmente é das melhores histórias do livro).
Já não se pode dizer o mesmo de: A bicicleta ergométrica (texto inconstante. Até têm alguns elementos interessantes, mas o desenrolar poderia ter sido mais breve e preciso); O Sonho de Harvey (conto meio estranho. Em todo instante as peças parecem não se encaixar muito bem); As coisas que eles deixaram para trás (um conto sobre o 11 de setembro. Enseja certo ar de nostalgia, mas na maior parte do tempo não se configura como uma leitura inspiradora) e Tarde de Formatura (talvez o pior conto do autor que já tenha lido na vida. Um verdadeiro disparate).
Não são necessariamente ruins: A Corredora (começo bem sugestivo, com potencial para ser dos melhores contos do livro, mas as expectativas acabam frustradas); The New York Times a preços promocionais imperdíveis (outra trama que invoca o sobrenatural. Não está entre as piores narrativas, mas as intenções por trás da história não são nada claras); Mudo (tipo de história que não fede e nem cheira); No maior aperto (texto muito nojento que quase inteiramente se passa em um banheiro químico. Podia ser mais breve, carecendo de melhor desenvolvimento).
Ao cair da noite, definitivamente, não entrega o melhor de King quando o assunto é contos, mas proporciona imersão no universo do autor e isso sempre traz alguma recompensa, mesmo quando não ostenta sua melhor “forma” ou “fase”.