Pollyanna, a garota maravilhosa
POLLYANNA, A GAROTA MARAVILHOSA
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Pollyanna”, de Eleanor H. Porter. Companhia Editora Nacional, São Paulo-SP, 31ª edição, 1991. Biblioteca das Moças nº 89. Tradução: Monteiro Lobato. Capa: Silvia Maria Mesquita. Edição original norte-americana de 1912.
Segundo a contra-capa desta edição, “Pollyanna” é uma “novela que desencadeou nos Estados Unidos — e depois em todo o mundo — uma impressionante onda de esperança, de boa vontade e de entusiasmo. Hotéis, casas de chá, lojas e crianças tiveram o nome da menina que simbolizava a bondade e o otimismo”.
O livro foi filmado genialmente por Walt Disney em 1960 e a intérprete da personagem, Hayley Mills, ganhou o Oscar de melhor atriz.
Pollyanna, onze anos ao começar a história, era órfã de pai e mãe. A mãe casara com um pastor protestante pobre, bem contra a vontade da família, e deixara a pequena cidade de Beldingville. Agora, atendendo aos seus “deveres sociais, por mais desagradáveis que fossem”, Polly Harrington, irmã da falecida mãe da garota, concorda em que esta venha morar com ela. Na mansão dos Harrington só restaram Polly e a criadagem.
O que Miss Polly, com sua secura e má vontade, não podia imaginar, é que Pollyanna — cujo nome misturava os nomes das tias, a Anna já finada — não era uma menina comum e em pouco tempo mudaria o lugarejo, trazendo alegria para a população em peso, começando por Nancy e Tom, que trabalhavam para Polly. Em pouco tempo desde crianças como Jimmy a médicos como o Dr. Chilton, o solteirão ensimesmado Pendleton e até o pastor local, são contagiados pelo “jogo do contente” que Pollyanna havia aprendido com o pai e que consistia em buscar sempre o lado bom dos acontecimentos.
Assim é que Pollyanna consegue se alegrar até com o quarto miserável e quente que a tia de início lhe oferece, e também quando, por faltar à hora da janta, que esquecera, recebe como castigo não jantar e só comer pão com leite na cozinha. No entanto Pollyanna agradece à tia com entusiasmo, pois gosta de pão e leite. A reação esfuziante leva a dama a monologar depois: “Papagaios! Que menina extraordinária esta! Contente de tudo, de ser castigada, de morar comigo, de tudo, de tudo. Papagaios! Nunca vi coisa assim!”
O fato é que aos poucos até o temperamento gélido e austero de Miss Polly irá mudando e a total transformação de sua vida será questão de tempo.
“Pollyanna” é um hino à bondade, à generosidade, à tolerância, uma mensagem profundamente cristã que mostra claramente como a intolerância, o preconceito, a dureza de coração infelicitam as pessoas que assim agem, pois não sabem viver. E como a inocência de uma criança pode ser milagrosa.
O romance tem uma continuação, “Pollyanna moça”, que li há muitos anos e gostaria de um dia reler.
Rio de Janeiro, 19 e 20 de março de 2022.