Asmodeus, em grego Ασμοδαίος  ou Asmodaios, em latim Asmodaeus, Asmodäus, em hebraico אשמדאי‎ (Aschmedai), conforme o Talmud, é um  demônio  referido pela Bíblia no Livro de Tobias  3,8,17.É considerado um dos sete anjos do inferno, cujo poder só é superado pelo próprio Lúcifer  (considerado o imperador do inferno), cujo principal alimento é a maldade que ele inspira nos homens).

Ele é o demônio que simboliza, especialmente, o pecado da luxúria. Sua origem, conforme sugerem as interpretações talmúdicas e principalmente cabalísticas, é muito controversa e difere bastante conforme a fonte de onde vem a interpretação. Os talmudistas o consideram um dos anjos caídos que aparecem na Bíblia com o nome de nefilins. Mas algumas interpretações cabalistas se referem a ele como o "Rei Esquecido de Sodoma". Nestas interpretações Asmodeus é visto como o homem mais impuro já nascido na terra, já que foi ele que deu à Sodoma e Gomorra a fama de luxúria e devassidão que é lhe é atribuída.

Sodoma, como se sabe, é o símbolo da perversão sexual e de todos os vícios ligados ao sexo e à corrupção dos costumes. Há teólogos que defendem a tese de que Deus destruiu Sodoma e Gomorra como forma de matar Asmodeus. Nesse sentido, a destruição dessas cidades teria acontecido antes do Dilúvio, razão pela qual não se encontrou, até hoje, nenhum vestígio da existência delas.

No livro de Tobias (que não faz parte da Bíblia judaica, mas foi incluído na Bíblia católica), Asmodeus é citado como o assassino dos noivos de Sara, prima e esposa do personagem que dá título ao livro. Essa obra, na verdade, é um conto escrito por um autor judeu desconhecido, com a intenção de fortalecer a fé do povo de Israel, que na época em que o livro foi escrito estava muito contaminada pela filosofia grega, em virtude da helenização da cultura oriental, promovida por Alexandre, o Grande, durante suas conquistas.

O demônio Asmodeus, nesse caso, simboliza a própria cultura grega que procura desconstruir a crença dos judeus e por isso precisa ser combatida e destruída. Assim, Deus envia o Arcanjo Rafael para guiar Tobias, encontrar sua prima-esposa Sara e prender o demônio (grego) nos mais altos picos terrestres, de onde ele não poderia escapar. Depois de completar sua missão, descontaminando a fé judaica, o Arcanjo Rafael cura Tobit, pai de Tobias, e retorna para a Corte celeste.

Para alguns intérpretes do livro de Tobias, Asmodeus corresponde ao deus pagão citado em várias passagens bíblicas pelos nomes de Belzebu, Astarot, Leviatã, Baal etc.

Visualmente ele é representado com asas e três cabeças: uma de homem com hálito de fogo, outra de touro e uma terceira de carneiro, interpretados como símbolos de luxúria, virilidade e fertilidade, respectivamente. Quando ele é referido como o rei devasso de Sodoma, Asmodeus é representado como um mago capaz de assumir múltiplas formas, sendo uma das suas preferidas a de uma aranha. Como nessa interpretação ele é ser um humano que virou demônio e não um anjo caído, da tradição talmúdica, Asmodeus possui o livre arbítrio que é negado aos anjos. Nesse sentido, diz-se que ele foi treinado e posto na terra justamente como uma arma de Lúcifer para d atrapalhar a missão do Messias. Na tradição cristã ele seria, pois, um adversário de Jesus na sua missão redentora, e por consequência, simbolizaria a própria cultura romana, pagã e dissoluta, aos olhos dos judeus tradicionalistas e dos cristãos. Diz-se, inclusive que teria sido ele o anjo tentador de Jesus em sua peregrinação pelo deserto, por ocasião da sua quarentena de purificação.

Em algumas variantes do folclore judeu, também adotado por alguns autores cabalistas, Asmodeus aparece como amante da demônio-femêa Lilith, que na tradição da Cabala foi a primeira esposa de Adão. Lilith, após a expulsão do Éden, teria se instalado em Sodoma, onde se juntou com Asmodeus, o rei daquela cidade. Teria sido ela, juntamente com outros demônios, que teriam subvertido o rei de Sodoma, levando-o para o vício e a iniquidade que até hoje é atribuída àquela cidade.

 

Asmodeus, portanto, é um símbolo do vício e da maldade que corrompe a alma do ser humano e procura levá-la para a prática do mal. Este livro enfeixa uma série de contos nos quais, supostamente, a inspiração desse demônio está presente. Como dizem os cabalistas, o Diabo é o próprio ego do homem, que faz com que ele desenvolva a ambição de poder e o desejo de tudo superar para obter o máximo prazer em suas realizações. E com isso acaba desprezando todos os arquétipos desenvolvidos pelo espírito humano para fazer da sua civilização uma forma de reintegração a sua origem divina, levando-a para outra direção, que pode ser considerada como os rumos do inferno.

É uma jornada pela fantasia do sobrenatural, que no entanto está presente em nossa realidade cotidiana, como se dela fizesse parte inseparável. Mas como disse Jung, em algum momento da nossa vida, todos somos guiados pela fauna que habita no nosso inconsciente, mas nós a chamaremos de mitos, crenças, tradições, santos, demônios e outras crendices. E no fundo, são essas particularidades que informam o nosso ego e nos dirigem para o bem ou para o mal.

 

DO LIVRO: O LIVRO DE ASMODEUS, NO PRELO PARA PUBLICAÇÃO