Torre Negra - A escolha dos três
Após o inconstante O Pistoleiro, primeiro volume da Torre Negra, com passagens apoteóticas e algumas bem menos inspiradoras, resolvi retornar as Terras Médias para acompanhar a trajetória de Roland no segundo volume da Torre Negra, “A Escolha dos três”. A sequência trouxe uma nova atmosfera para a saga épica, com o pistoleiro se aventurando pela extensão de uma praia desabitada, ocupada pelas temíveis Lagostrosidades (lagostas gigantes) durante o anoitecer, sanguinolentas criaturas trazidas pela maré, sempre sedentas por carne, inclusive a humana. Como previa as cartas do homem de preto, antes de seguir com suas incursões até a Torre Negra, precisaria recrutar três figuras para auxiliá-lo na busca: o Prisioneiro, a Dama das Sombras e, o último elemento, a Morte.
A trama é viciante, daquelas que dá muita vontade de não desgrudar do livro, proporcionando um prazer intrínseco. Isso se deve pela maneira como são encadeados os elementos literários a emergir da narrativa de cunho psicológico, evocando perspectivas peculiares, como uma das figuras dramáticas que gradativamente vem ceifando a vida por conta do vicio em drogas, tornando-o um prisioneiro diante da própria dependência. Uma característica do autor, presente na saga, é a forma como explora o comportamento de pessoas diante de situações amplamente adversas, de absoluto limite.
Habilmente, além da condição fantasiosa presente na trama épica, também há espaço para ficção científica e o terror, talvez a principal faceta do veterano autor estadunidense. , “A Escolha dos três” é um apanhado do que King tem a oferecer de melhor e embora seja uma sequência, é nessa obra que as cartas são postas na mesa, a história embala sem dificuldade, trazendo personagens bem delineados, cenas marcantes e ao cruzar a última letra, o leitor é invadido pelo desejo de se debruçar sobre As Terras Devastadas, terceiro capítulo da série.