Poul Anderson e o planeta terrível
POUL ANDERSON E O PLANETA TERRÍVEL
Miguel Carqueija
Resenha do romance “O mundo de Satanás”, de Poul Anderson. Galeria Panorama, Lisboa-Portugal. Série Antecipação, 52. Título original: “Satan’s world”. Tradução: Eduardo Saló. “Copyrihgt” 1968, The Condé Nast Publications, Inc., “copyright” 1969, Poul Anderson (EUA).
Dos livros e contos de Poul Anderson posso dizer que uns são profundos, outros são divertidos. Uma recorrência neles é o comércio interplanetário e no presente livro aparecem personagens já vistos em “O planeta dos homens alados” e “O sol invisível”. Assim o humano Falkuyn, a cintiana Chee Lan (pequena e com habilidades símias) e o dragão Adzel, enorme e filosófico, protagonistas de “A roda de três lados” e outras aventuras, e o cínico, caviloso e inteligente negociante Nicholas Van Rijn, de certa forma o herói principal.
Rijn é extremamente esperto e capacitado para enganar os adversários, revertendo contra eles as situações difíceis. Sarcástico, interesseiro, é uma espécie de Tio Patinhas, enrijecido na luta pela sobrevivência diante de inimigos poderosos. Gordo, pouco sutil, a princípio antipático, os leitores acabam simpatizando com o vigarista porque seus inimigos são piores do que ele. E isso fica claro quando o alvo da disputa é um planeta extremamente hostil e cujas condições tornam praticamente impossível a vida mas que no entanto terá a sua posse disputada.
Mas quem conhece Van Rijn sabe que ele sempre vence e livra os seus subordinados.
Este livro, como outros dessa coleção portuguesa, apresenta a curiosa característica das páginas esverdeadas, segundo a editora, trata-se de “papel especial, anti-reflexo, opaco e de cor, preparado cientificamente para leitura noturna”.
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2019.