A história da menina do solar

A HISTÓRIA DA MENINA DO SOLAR

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance “A menina do solar”, de Leyguarda Ferreira. Edição Romano-Torres, Lisboa-Portugal, sem data. Coleção Azul.

 

Uma data posta a caneta nesta brochura de capa verde sem ilustração diz: 3 de outubro de 1950. Portanto a edição é anterior. Trata-se de um “romance para moças”, como antigamente chamavam o gênero hoje conhecido como “romances de amor”. A autora comparece com outros títulos na coleção.

Esses romances seguiam por via de regra uma fórmula-clichê. Uma mulher e um homem — ela às vezes, muito jovem — se conhecem e devem se casar no fim. Mas existe algum obstáculo, em geral um mal-entendido qualquer, que leva ao desentendimento; entretanto até o final da história o mal-entendido é desfeito e o casal se entende.

Essa fórmula cor-de-rosa é válida se o enredo for bem desenvolvido. No presente caso a trama é ainda mais ingênua que a média, quando conta a história de uma jovem que mora com a avó e uma velha criada, num vilarejo português. Surge um jovem médico de viagem, vindo de Lisboa. É o príncipe encantado da Marianela, a jovem de 18 anos; mas quando ele retorna à capital e surge a notícia do casamento de um doutor com seu nome de família a garota julga-se preterida e até se zanga quando ele reaparece, como se o médico pretendesse uma bigamia. Mas quem se casara era o seu irmão que, como advogado, também usava o título de doutor.

A essa bobagem resume-se o quiproquó, ainda piorado pela pieguice de certos diálogos.

Naquele tempo, porém, ao menos esses romances eram inocentes.

Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2019.