AÉLITA
Resenha do romance "O declínio de Marte", de Alexei Tolstoi. Editora Ulisseia, Lisboa, Portugal, sem data. Coleção 3-C número 9, terceiro da série "ficção científica". Título original russo: "Aelita". Tradução: M. Henrique Leiria. Capa: Luís Filipe de Abreu.
Uma verdadeira curiosidade, "Aelita" é um famoso romance soviético de ficção científica assinado por um parente distante de Leon Tolstoi. A primeira edição consta ser de 1923, e no ano seguinte apareceu uma versão cinematográfica.
Se por um lado a história é ingênua, com o clichê antiquado onde um cientista, trabalhando sozinho ou com pouca gente ajudando, constrói em seu quintal ou na sua oficina uma astronave capaz de chegar na Lua ou em Marte. Quando vemos todo o aparato que mesmo hoje em dia requerem tais viagens - até se for só para orbitar a Terra - podemos verificar quanto há de inverossímil nessas velhas histórias.
Os heróis dessa novela são o cientista M.S. Loss (Mistilav Sergueievitch) e Goussev (Alexei Ivanovitch), mecânico. Eles chegam a Marte numa viagem de poucas horas, pois, conforme a teoria do inventor, a maior demora seria na decolagem e no pouso. Outro detalhe estranho é que a viagem desperta pouca atenção mas um ministro do Soviet aparece para testemunhar. Na real União Soviética o mais provável seria a prisão do cientista e o confisco da sua máquina.
O pior vem depois. Marte é respirável e habitado por uma raça humana miscigenada com os atlantes. O soberano tiraniza o povo e odeia os "Filhos do Céu" (os terrestres); contudo a princesa, Aelita, enamora-se de Loss. Bizarro é ver os dois terrestres acabarem por liderar uma revolução comunista (sic) em Marte.
A novela é bastante violenta e trágica e dá a impressão de que continua, pois termina com um gancho. É tudo muito trágico, fatalista, termina de forma patética. O repórter americano, Archibald Skyles, só aparece no início e no fim.
O caráter fatídico da literatura russa se reflete bastante também neste autor, e nesse ponto expressa bem as próprias idiossincrasias do povo russo. Infelizmente o enredo é confuso e cheio de lacunas.
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2021.
Resenha do romance "O declínio de Marte", de Alexei Tolstoi. Editora Ulisseia, Lisboa, Portugal, sem data. Coleção 3-C número 9, terceiro da série "ficção científica". Título original russo: "Aelita". Tradução: M. Henrique Leiria. Capa: Luís Filipe de Abreu.
Uma verdadeira curiosidade, "Aelita" é um famoso romance soviético de ficção científica assinado por um parente distante de Leon Tolstoi. A primeira edição consta ser de 1923, e no ano seguinte apareceu uma versão cinematográfica.
Se por um lado a história é ingênua, com o clichê antiquado onde um cientista, trabalhando sozinho ou com pouca gente ajudando, constrói em seu quintal ou na sua oficina uma astronave capaz de chegar na Lua ou em Marte. Quando vemos todo o aparato que mesmo hoje em dia requerem tais viagens - até se for só para orbitar a Terra - podemos verificar quanto há de inverossímil nessas velhas histórias.
Os heróis dessa novela são o cientista M.S. Loss (Mistilav Sergueievitch) e Goussev (Alexei Ivanovitch), mecânico. Eles chegam a Marte numa viagem de poucas horas, pois, conforme a teoria do inventor, a maior demora seria na decolagem e no pouso. Outro detalhe estranho é que a viagem desperta pouca atenção mas um ministro do Soviet aparece para testemunhar. Na real União Soviética o mais provável seria a prisão do cientista e o confisco da sua máquina.
O pior vem depois. Marte é respirável e habitado por uma raça humana miscigenada com os atlantes. O soberano tiraniza o povo e odeia os "Filhos do Céu" (os terrestres); contudo a princesa, Aelita, enamora-se de Loss. Bizarro é ver os dois terrestres acabarem por liderar uma revolução comunista (sic) em Marte.
A novela é bastante violenta e trágica e dá a impressão de que continua, pois termina com um gancho. É tudo muito trágico, fatalista, termina de forma patética. O repórter americano, Archibald Skyles, só aparece no início e no fim.
O caráter fatídico da literatura russa se reflete bastante também neste autor, e nesse ponto expressa bem as próprias idiossincrasias do povo russo. Infelizmente o enredo é confuso e cheio de lacunas.
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2021.