"Caim" de Lord Byron
“Caim” (1817) de Lord Byron, foi escrito, nas palavras do autor, “no estilo metafísico de Manfredo, e repleto de declamações titânicas” Em Caim, Byron dramatiza o clássico conto bíblico de Caim e Abel, do ponto de vista de Caim. A obra tem a forma de uma peça de teatro, mas não foi escrita com a intenção de se fazer representar no palco.
Lord Byron descreve Caim como um rebelde que não faz orações e sacrifícios a Deus; não pede nada a Ele nem Lhe agradece; critica os pais, Adão e Eva, por não terem levado até o fim o pecado, e culpa o Criador pelas maldades e injustiças do mundo, sendo a sua única felicidade a sua esposa-irmã Ada.
A obra não justifica Caim, mas fornece o lado da sua história e mostra o porquê de ter agido como ele agiu. Caim é um exemplo perfeito de uma obra romântica e trágica: tem um clima sombrio, elementos sobrenaturais, melodrama, personagens carismáticos, inclusive o próprio Caim que é um grande protagonista, diálogos belíssimos e bem escritos, repletos de reflexões e questionamentos, e ao mesmo tempo emoções exaltadas, e uma ambiguidade moral como só Byron sabia fazer em suas obras.
Aqui, Byron ataca as rígidas convenções sociais que oprimem e enganam a humanidade, por meio de Caim. Através dele, Byron mostra que o acesso dos seres humanos ao conhecimento e à liberdade nunca pode ser obstruído e que a crença cega nos ídolos não pode impedir a busca da verdade pelo homem. Esta obra contribuiu bastante para consolidar a fama satânica de Byron, por mostrar uma interpretação “herege” da Bíblia.
Esta é edição é da Editora Sebo Clepsidra.