Padre Léo e os traumas da morte

PADRE LÉO E OS TRAUMAS DA MORTE
Miguel Carqueija

Resenha do livro “Cura dos traumas da morte”, pelo Padre Léo, SCJ. Editora Canção Nova, São Paulo-SP, 15ª edição, 2005. Capa: André Porte.

Na sua simplicidade o Padre Léo Tarcisio Gonçalves Pereira, SCJ (Congregação do Sagrado Coração de Jesus), falecido ainda jovem em 2007, era conhecido apenas como o Padre Léo. Ele fundou em Lorena, SP, a hoje famosa Comunidade Bethânia, recuperando alcoólatras e toxicômanos, e hoje esta comunidade possui oito casas no país. Em suas notáveis palestras e homilias, com incrível simpatia, temperava tudo com humor, pantominas, fazia o público rir, mas ao mesmo tempo desenvolvia excelentes lições. Um homem de Deus, realmente, e o processo de beatificação já existe.
Este pequeno livro aborda, como diz no título, a questão da morte, que muita gente não gosta de encarar. Todos morreremos e teremos um destino após a morte; não se pode de fato ignorar esta realidade. Todavia, como ele lembra, há quem tenha atitudes temerárias:
“Aliás, por que os jovens pagam um preço tão caro para brincar com a morte? Nos globos da morte, nas montanhas russas? Como uma pessoa pode ser tão abestalhada (sic) a ponto de pagar para subir num “bungee-jump”, amarrar um negócio na cintura e pular para baixo? (pg. 54)
Ele não tinha papas na língua e usava uma linguagem popular. Mas sabia ser cirúrgico:
“Sabendo que vamos morrer, deveríamos pensar sempre que a vida é uma grande semeadura. Com nossa vida terrena estamos colhendo o que iremos semear na vida futura.” (pg. 24)
A visão teológica do Padre Léo é a da Igreja Católica, sem dúvida, inclusive na parte da Escatologia ou acontecimentos finais:
“No Juízo Final, o julgamento será definitivo — depois dele haverá, somente, Céu e Inferno. O mundo, como matéria, certamente acabará. Mas como e quando será o fim do mundo, não o sabemos. Nem os anjos sabem.” (pg. 86)
Os cristãos sabem que estão no mundo de passagem, portanto em peregrinação para a pátria eterna, e é claro que Jesus Cristo é o centro da nossa Fé, como qualquer pensador católico deixa bem claro. Isto não é diferente no Padre Léo:
“Jesus trouxe um lindo pedaço de Céu para esta Terra. Assim, a vida eterna não é apenas uma meta para o futuro, mas uma realidade que pode ser experienciada aqui, nesta vida.” (pg. 95)
O autor admite que a dor de uma perda seja sentida: “Até os animais sentem a dor da morte” (pg. 14). Mas é claro, é uma dor reparável pela virtude da Esperança: “Nós iremos nos reconhecer no Céu. O amor que vivemos nunca vai morrer.” (pg. 15)
Leiamos com carinho esta obra escrita por uma alma de escol.

Rio de Janeiro, 8 a 13 de julho de 2021.