PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

TÍTULO: Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários á prática educativa. Livro sobre educação, publicado pela Editora Paz e Terra, no ano de 1996.

REFERÊNCIA: FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 1 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

SOBRE O AUTOR: O livro “Pedagogia da Autonomia” foi escrito pelo célebre educador, professor e filósofo Paulo Freire, nascido em 1921, na cidade de Recife, Pernambuco. Considerado um dos maiores pensadores da Pedagogia mundial por considerar o caráter emancipatório da educação, Paulo Freire vivenciou uma infância pobre e miserável, mas seu talento como escritor possibilitaria mais tarde o título de Patrono da Educação Brasileira. Destacou-se pela sua visão diferenciada ao defender que o papel do educador é transmitir não apenas conhecimento, mas buscar conscientizar o educando para fazer deles pessoas autônomas e críticas, transformadoras de suas realidades. Devido a sua visão radical libertária foi perseguido durante a Ditadura Militar e obrigado a se exilar por 16 anos. Porém, durante esse período de isolamento, escreveu suas grandes obras: Educação como Prática da Liberdade; Pedagogia do Oprimido; Alfabetização e Conscientização, etc. Recebeu títulos renomados como Doutor Honoris Causa de universidades da Europa, e prêmios de Educador da Paz, pela UNESCO. Faleceu em 1997, em São Paulo.

SOBRE A OBRA: o texto titulado “Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa” trás consigo uma visão diferenciada a respeito da Educação, trazendo contribuição para a Pedagogia Libertária Progressista e valorizando a capacidade intelectual do aluno como um ser com identidade própria, isto é, vivenciado de suas próprias experiências. O primeiro capítulo possui nove subdivisões, mas todos possuem um único ponto em comum: a tese de que, para o professor despertar a criticidade, a curiosidade e o interesse no aluno, é necessário avaliar a sua metodologia a todo instante.

“Ensinar não é transmitir conhecimento, mas também ensinar a pensar certo”. A clássica frase expõe o ponto de vista libertário de Paulo Freire ao defender que para uma prática docente satisfatória é necessário a compreensão do mundo vivenciado pelo o educando, isto é, criar possibilidades para a produção e construção de sua capacidade intelectual. O aluno não é “objeto que se deposita conhecimento”, mas sim um ser pensamente que vive,que fala, posiciona-se e critica. O educador tem a missão de estimular a individualidade do educando, buscando lhe proporcionar a habilidade de analisar e desenvolver sua própria autonomia. A curiosidade está profundamente relacionada à construção do saber. Não haveria criatividade se a curiosidade não movesse o ser humano a questionar, a ir atrás de perguntas cujas respostas nem sempre são de fácil acesso. Criticar exige conhecimento e conhecimento exige interesse. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. É neste cenário que a Pedagogia Freiriana exerce o seu papel ao sustentar a concepção de que enquanto o professor ensina o aluno, ele também aprende com o mesmo. O diálogo permite a troca de conhecimentos entre ambos, proporcionando uma relação prazerosa de cumplicidade, rompendo o modelo “bancário” em que visa apenas depositar conhecimento. A Escola tem o dever de não só respeitar os saberes dos educandos, resultante das experiências vividas, mas utilizar o conhecimento dessas experiências para debater a realidade concreta na qual vivem. É preciso conhecer a prática de vida do aluno para que o educador possa estabelecer um vínculo de construção do saber ético.

Portanto, com uma linguagem clara e objetiva de fácil compreensão, “Pedagogia da Autonomia” trás consigo uma visão diferenciada de seu tempo. Paulo Freire posiciona-se como um libertário que despreza o modelo tradicional de ensino, criticando o método memorizador, na qual o educando prática horas e horas de leitura sem ao menos entender o que, de fato, trata o conteúdo. Segundo o próprio autor, o livro tem como função principal apresentar propostas de práticas pedagógicas fundamental para o exercício da construção da autonomia e individualidade dos alunos, sem desconsiderar seus conhecimentos empíricos.

AVALIAÇÃO CRÍTICA: A visão diferenciada de Paulo Freire introduz com clareza os fundamentos de uma pedagogia progressista. A metodologia acentuada na cultura como desenvolvimento da individualidade tem como foco proporcionar a aprendizagem com base na experiência. Sabe-se que o processo de aprendizagem consiste é o método pelo qual o indivíduo adquira conhecimentos, competências e habilidades através de experiências obtidas por meio de estudos, pesquisas, coleta de dados e, principalmente, da capacidade do ser humano de observar. O autor então defende que o professor que pensa certo é aquele que estimula a busca da identidade, o conhecimento do mundo. Ao ser produzido o conhecimento novo, este supera o antigo e possibilita o pensamento crítico. O principal papel do professor no processo ensino-aprendizagem é de ser o grande facilitador do conhecimento. É de proporcionar, de incentivar, é estabelecer métodos que incentivem o interesse no aluno, é abrir novas portas para conhecer o mundo. “Pedagogia da Autonomia” representa uma inovação na área educacional, é uma indignação a Escola atual. O educador ministra a aula, expõe o conteúdo e o aluno faz o que? Decora o conteúdo pra realizar o exame proposto e logo em seguida cai no esquecimento? Não.

Paulo Freire afirma o real papel do educador “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua própria construção. Quando entro numa sala de aula devo estar sendo um ser aberto às indagações, à curiosidade, as perguntas dos alunos, as suas inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho- o aluno ensinar”.  Em seu livro, especialmente no primeiro, o autor expõe seus argumentos ao defender os critérios fundamentais para a prática docente. Ensinar exige: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito ao próximo; criticidade; ética; corporeificação das palavras; aceitação do contemporâneo e rejeição a discriminação; reflexão crítica da prática docente e, especialmente, o reconhecimento da identidade cultural do educando. Respeito, igualdade e humildade são os princípios da prática de Paulo Freire. O aluno não é uma máquina que recebe comandos apenas para executar uma atividade. Mas sim um ser autônomo, capaz de trançar seus caminhos, suas idéias, seus valores.

 

Lírio Reluzente
Enviado por Lírio Reluzente em 12/07/2021
Reeditado em 23/07/2021
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