Depois do funeral: Hercule Poirot

DEPOIS DO FUNERAL: HERCULE POIROT
Miguel Carqueija

Resenha do romance “Depois do funeral”, de Agatha Christie. Círculo do Livro, São Paulo-SP, sem data. Título original inglês: “After the funeral”, “copyright” 1953 da autora. Tradução: Eliane Fontenelle. Capa: Frank Frederico Urban.

Já pude ler “N” romances e contos da Dama do Crime Agatha Christie, e certamente perdi a conta. E ainda já muita coisa dela para ler.
Entretanto a maior recorrência é o célebre detetive da ficção policial, o belga Hercule Poirot, que por alguma razão foi morar na Inglaterra. Um tanto intemporal, nessa história publicada pela primeira vez na década de 1950, já devia estar bem velho.
A novela em questão é uma intriga de família. O patriaca Richard Abernatie, já enfermo há tempos, havia morrido, e as coisas começam a acontecer no funeral, quando a parente Cora Lansquenet comenta que foi tudo “muito bem abafado” e como o pessoal em volta demonstra perplexidade ela declara na maior cara de pau: “Mas ele foi assassinado, não foi?”
Num primeiro momento isso é visto por quase todo mundo como simples esquisitice de pessoa já considerada esquisita, com um parafuso a menos. Quem fica grilado com isso, porém, é o advogado Entwhistle e quando ocorre um assassinato evidente ele recorre ao detetive particular Hercule Poirot, o homem das “pequenas células cinzentas”. A trama é um tanto atípica porque Poirot, contrariando seus métodos usuais, finge o que não é, com a falsa identidade de Pontarlier, um médico fictício. Oportunamente revelará que é um detetive.
Como em outros romances policiais de Christie, a solução é surpreendente, do tipo que os leitores jamais imaginam. E Poirot, personagem simpático apesar do seu cabotinismo, domina a trama com sua argúcia.

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2021.