Lord Vanity, vaidade e mundanismo
LORD VANITY, VAIDADE E MUNDANISMO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Lord Vanity”, de Samuel Shellabarger. Editora Mérito, São Paulo-SP, 2ª edição, 1956. Tradução do original inglês: Enéas Marzano.
“Lord Vanity” pode-se traduzir como “Senhor Vaidade”. É um tijolo, com mais de 500 páginas de letras pequenas, os capítulos agrupados em partes conforme o desenrolar da trama na Europa (e um pouco na América do Norte) do século 18, a partir de 1757. Acompanhamos a irregular trajetória de Richard Morandi, filho bastardo de Lord Many, que a princípio nem conhecia o pai e vivia com a mãe. Na primeira parte, “Veneza”, o jovem músico e autor teatral trava conhecimento com as pessoas que iriam influenciar mais fortemente a sua vida: a mulher sensual, a jovem pura (mesmo no meio artístico-operístico, carregado de mundanismo), o amigo interesseiro que o manipula, o vilão asqueroso que o mandará para as galés, de onde será libertado pelo pai que finalmente aparece.
Quase tudo acontece com Richard, até a glória, inclusive a glória militar obtida no Canadá lutando ao lado de forças inglesas contra a França. Mas com isso deixa para trás o amor de sua vida, Maritza, pelas conveniências de uma vida de luxo e ostentação, conduzida por seu pai. Nas idas e vindas de uma vida agitada e sujeita a lances imprevisíveis — como a instável relação com o vigarista Marcelo Tromba, que de amigo se tornará inimigo — as coisas nem sempre irão como Richard deseja ou espera. E custará muito até compreender que sua vida se resume a perseguir quimeras.
“Lord Vanity” é romance de fôlego, com um grande número de personagens da variada fauna humana, e quando a ação se transporta para a França não podemos deixar de pensar em qual seria o destino de vários desses personagens em menos de 30 anos, quando viesse o pesadelo da Revolução.
Há também uma impressionante descrição da vida dos remadores das galés, que o autor chama sem rebuços de “escravos”, então destino habitual de condenados pela Justiça em terras italianas e com certeza de outros países.
Um denso romance de época e descortinador da glória e da miséria do ser humano.
Rio de Janeiro, 27 de maio de 2021.
(este livro está anunciado na Estante Virtual, para quem se interessar)
LORD VANITY, VAIDADE E MUNDANISMO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Lord Vanity”, de Samuel Shellabarger. Editora Mérito, São Paulo-SP, 2ª edição, 1956. Tradução do original inglês: Enéas Marzano.
“Lord Vanity” pode-se traduzir como “Senhor Vaidade”. É um tijolo, com mais de 500 páginas de letras pequenas, os capítulos agrupados em partes conforme o desenrolar da trama na Europa (e um pouco na América do Norte) do século 18, a partir de 1757. Acompanhamos a irregular trajetória de Richard Morandi, filho bastardo de Lord Many, que a princípio nem conhecia o pai e vivia com a mãe. Na primeira parte, “Veneza”, o jovem músico e autor teatral trava conhecimento com as pessoas que iriam influenciar mais fortemente a sua vida: a mulher sensual, a jovem pura (mesmo no meio artístico-operístico, carregado de mundanismo), o amigo interesseiro que o manipula, o vilão asqueroso que o mandará para as galés, de onde será libertado pelo pai que finalmente aparece.
Quase tudo acontece com Richard, até a glória, inclusive a glória militar obtida no Canadá lutando ao lado de forças inglesas contra a França. Mas com isso deixa para trás o amor de sua vida, Maritza, pelas conveniências de uma vida de luxo e ostentação, conduzida por seu pai. Nas idas e vindas de uma vida agitada e sujeita a lances imprevisíveis — como a instável relação com o vigarista Marcelo Tromba, que de amigo se tornará inimigo — as coisas nem sempre irão como Richard deseja ou espera. E custará muito até compreender que sua vida se resume a perseguir quimeras.
“Lord Vanity” é romance de fôlego, com um grande número de personagens da variada fauna humana, e quando a ação se transporta para a França não podemos deixar de pensar em qual seria o destino de vários desses personagens em menos de 30 anos, quando viesse o pesadelo da Revolução.
Há também uma impressionante descrição da vida dos remadores das galés, que o autor chama sem rebuços de “escravos”, então destino habitual de condenados pela Justiça em terras italianas e com certeza de outros países.
Um denso romance de época e descortinador da glória e da miséria do ser humano.
Rio de Janeiro, 27 de maio de 2021.
(este livro está anunciado na Estante Virtual, para quem se interessar)