Resenha de um ensaio sobre Lovecraft
RESENHA DE UM ENSAIO SOBRE LOVECRAFT
Miguel Carqueija
Resenha do livro “O horror cósmico de H.P. Lovecraft: teoria e prática”, de Daniel I. Dutra. Editora Clock Tower, Pelotas-RS, 2017. Capa: Elson Glauber Carneiro Felix. Traduções: Daniel I. Dutra. Prefácio: Caio Alexandre Bezarios.
O autor deste estudo se esforça ao máximo para analisar as intenções do escritor norte-americano H.P. Lovecraft (1890-1937), criador dos chamados “Mitos de Cthulhu”, o chamado “horror cósmico”, ou a transposição do gênero horror para a cosmologia. Lovecraft criou outras mitologias porém o ciclo de Cthulhu — espécie de monstro alienígena, parte dragão e parte polvo — ficou mais conhecido.
Dutra se esforça bastante, mas nem tudo em seu trabalho me convenceu. Por exemplo, ao tentar demonstrar que Lovecraft é autor de histórias de terror e não de ficção científica ele parece não considerar que uma história pode pertencer a mais de um gênero. Isaac Asimov, por exemplo, assinou narrativas de FC que visivelmente também são contos e romances policiais.
O número de autores de terror e similares citados por Dutra não é grande e inclui Robert Howard (ciclo de Conan), Edgar Rice Burroughs, Stephen King, Edgar Allan Poe, Algernon Blackwood, W.H. Hodgson, L. Sprague De Camp, Lord Dunsany, Conan Doyle, Fritz Leiber, H.G. Wells e Arthur Machen. Não se referiu a Robert Louis Stevenson.
O ateísmo de Lovecraft é lamentável, tanto mais que ele enxergava incompatibilidade entre Ciência e Fé, que absolutamente não procede. E por ironia seus contos e suas novelas, textos escritos com apuro e riqueza de linguagem, acabam passando uma espiritualidade maligna, pois é difícil imaginar os chamados Grandes Antigos, como Cthulhu, sendo simplesmente seres naturais, corpóreos mas imortais. E tanto assim que no filme de Roger Corman “O castelo assombrado” (1963) são vistos como “divindades das trevas”.
Embora cansativo em alguns trechos este livro é interessante e esclarecedor sobre a pessoa e a obra de H.P. Lovecraft, um dos mestres do horror.
Rio de Janeiro, 24 de março de 2021.
RESENHA DE UM ENSAIO SOBRE LOVECRAFT
Miguel Carqueija
Resenha do livro “O horror cósmico de H.P. Lovecraft: teoria e prática”, de Daniel I. Dutra. Editora Clock Tower, Pelotas-RS, 2017. Capa: Elson Glauber Carneiro Felix. Traduções: Daniel I. Dutra. Prefácio: Caio Alexandre Bezarios.
O autor deste estudo se esforça ao máximo para analisar as intenções do escritor norte-americano H.P. Lovecraft (1890-1937), criador dos chamados “Mitos de Cthulhu”, o chamado “horror cósmico”, ou a transposição do gênero horror para a cosmologia. Lovecraft criou outras mitologias porém o ciclo de Cthulhu — espécie de monstro alienígena, parte dragão e parte polvo — ficou mais conhecido.
Dutra se esforça bastante, mas nem tudo em seu trabalho me convenceu. Por exemplo, ao tentar demonstrar que Lovecraft é autor de histórias de terror e não de ficção científica ele parece não considerar que uma história pode pertencer a mais de um gênero. Isaac Asimov, por exemplo, assinou narrativas de FC que visivelmente também são contos e romances policiais.
O número de autores de terror e similares citados por Dutra não é grande e inclui Robert Howard (ciclo de Conan), Edgar Rice Burroughs, Stephen King, Edgar Allan Poe, Algernon Blackwood, W.H. Hodgson, L. Sprague De Camp, Lord Dunsany, Conan Doyle, Fritz Leiber, H.G. Wells e Arthur Machen. Não se referiu a Robert Louis Stevenson.
O ateísmo de Lovecraft é lamentável, tanto mais que ele enxergava incompatibilidade entre Ciência e Fé, que absolutamente não procede. E por ironia seus contos e suas novelas, textos escritos com apuro e riqueza de linguagem, acabam passando uma espiritualidade maligna, pois é difícil imaginar os chamados Grandes Antigos, como Cthulhu, sendo simplesmente seres naturais, corpóreos mas imortais. E tanto assim que no filme de Roger Corman “O castelo assombrado” (1963) são vistos como “divindades das trevas”.
Embora cansativo em alguns trechos este livro é interessante e esclarecedor sobre a pessoa e a obra de H.P. Lovecraft, um dos mestres do horror.
Rio de Janeiro, 24 de março de 2021.