O pic-nic dos ladrões

O PIC-NIC DOS LADRÕES
Miguel Carqueija

Resenha do romance “A Condessa de Cagliostro”, de Maurice Leblanc. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro-RJ, 1976. Tradução de Cesar Tozzi. Capa: Rolf Gunther Braun. Título original: “La Contesse de Cagliostro”.

Aventura muito movimentada do anti-herói francês Arsène Lupin, contando praticamente a sua origem tortuosa, quando ele ainda tinha somente vinte anos (1894) e usava o falso nome de Raul D’Andrésy. Lupin cai de pára-quedas numa terrível disputa entre dois bandos por um imenso tesouro que teria sido enterrado em algum lugar da França por monges medievais. O argumento em si é absurdo e algo anti-clerical, mas se um dos bandos é chefiado por certo Beaumagnan, vilão meio anódino, o outro tem como líder uma mulher audaciosa, inescrupulosa e dotada de grande astúcia. Josefine Bálsamo, Condessa de Cagliostro — supostamente filha do Conde de Cagliostro, o que lhe daria mais de cem anos de idade. Mas ao que parece isso não passa de farsa.
A história não é edificante e o próprio Lupin, apesar de alguns escrúpulos morais, é um sujeito desonesto e um ladrão profissional. No começo age de forma cafajeste com sua namorada Clarisse, filha de um dos cúmplices de Beaumagnan e ignorante da trama.
O envolvimento de Lupin com a Condessa de Cagliostro tem altos e baixos e passa pelo lado carnal, mas as vontades opostas de ambos os separarão, e a história continuará em outro romance, “A vingança da Cagliostro”, que ainda não pude ler.
A animação de longa-metragem “O castelo de Cagliostro”, realizado no Japão em 1980 e focalizando Lupin III, neto de Arsène Lupin, inspira-se muito neste romance, onde até existe uma Clarisse, além de um Conde de Cagliostro descendente do original.

Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2017.