Um livro de Galileu

UM LIVRO DE GALILEU
Miguel Carqueija

Resenha do opúsculo “O mensageiro das estrelas”, de Galileu Galilei. Scientific American Brasil, separata do nº 85 da revista; Ediouro, Duetto Editorial, São Paulo-SP, 2009. Tradução: Carlos Ziller Camenietzki. Capa: Juliana Freitas; imagens NASA (Júpiter) e National Maritime Museum Greenwich, London (Galileu). Artigos introdutórios, “O desvelamento do céu” (Ulisses Capozzoli) e “Perfil de um gênio” (Carlos Ziller Camenietzki). Título original: “Siderius Nunciuns”.

Foi realmente uma surpresa inesperada encontrar esse livro de bolso perdido num sebo de rua em 23 de janeiro de 2021. Como tantos outros cientistas, Galileu (1564-1642) virou escritor para divulgar sua ciência e pesquisas. É autor de muitas obras e eu nunca tinha visto nenhuma, menos ainda traduzida em língua portuguesa. De fato suas edições entre nós são raras.
Este opúsculo trata das descobertas que o sábio italiano (nascido em Pisa) fez com a utilização de um recente invento, a luneta (por ele chamada de “óculo”). Galileu não inventou a luneta mas consta ter sido o primeiro que a utilizou com afinco para pesquisas astronômicas. “Siderius Nuncius” saiu pela primeira vez em Veneza, em 1610, já apresentando ideias heliocêntricas que iriam desembocar, dadas as circunstâncias da época, no lastimável problema com o Santo Ofício em 1632.
É que a ideia do movimento da Terra já fôra defendida pelo monge polonês Nicolau Copérnico e circulava livremente.
Galileu dá uma explicação sumária do funcionamento da luneta, fala de suas observações da Lua, de estrelas fixas e finalmente nos quatro satélites de Júpiter por ele descobertos. Com o tempo e o aperfeiçoamento do telescópio a família de Júpiter aumentou muito.
No caso da Lua a descoberta de montanhas e crateras foi essencial; pois a ideia comum sobre os corpos celestes era serem perfeitamente redondos e lisos.
A descrição minuciosa, dia a dia, durante semanas, das posições das “estrelas” que se moviam em torno de Júpiter, com muitos desenhos, chega a ser maçante e cansativa, mas o livro em si é valioso por trazer “in natura” o pensamento de um dos maiores sábios do século 17.

Rio de Janeiro, 25 de março de 2021.