ANA TERRA
Recordo-me neste momento de um brocardo que, sempre, meu pai dizia, qual seja: não é preciso fazer chover no molhado. Longe de mim, não acreditar que esta metáfora em muito já me foi útil. No entanto, irei elogiar Luiz Fernando Veríssimo por continuar realizando o que seu pai -Érico Veríssimo - fazia com as palavras, era verdadeiramente um mágico das Letras. Escreveu dentre muitas outras obras, Ana Terra.
No Século XVIII, a família Terra - pai, mãe e filhos - vive numa estância erma do interior gaúcho. Seu cotidiano é duro, penoso: tira sustento da colheita, calcula a passagem do tempo observando a natureza, enfrenta ameaças de saque e pilhagem.
Um dia uma das filhas do estancieiro, Ana, encontra, na beira de um regato, um mestiço ferido. É o enigmático Pedro Missioneiro, indiático, bravio, e dono de uma cultura sofisticada em letras, histórias e artes musicais. Acolhido pela família, no início Ana tem aversão a Pedro, mas a repulsa é apenas o prelúdio da paíxão que tomará conta da menina, provocando ira e desejos de vingança nos irmãos e no pai.
Ana, em verdade, não era mais uma menina, mas sim, uma mulher próximo de seus trinta anos. Aos dezoito anos, juntamente com seus famíliares mudam-se de Sorocaba para o Sul.
A enigmática mulher, aos poucos, vai se tornando admirada e respeitada pelos leitores. Passa por momentos dolorosos, como ser estuprada e o assassinato de seu grande amor - Pedro, entretanto, torna-se ainda mais forte, devido a um outro amor sublime - seu filho.
Ana, não obstante, talvéz tenha sido uma homenagem que Érico Veríssimo tão bem pontuou para àquelas mulheres que acreditam que vale a pena ser íntegra, honesta e, sobretudo, confiam em dias melhores.
Mulheres que sentem amor e que são correspondidas; mulheres que sofrem com a perda, mas sabem que outros ganhos serão vindouros; mulheres que levam e trazem esperança, em seus próprios ventres; enfim, mulheres que são responsáveis pela nossa existência - homens. A elas, nosso grandioso respeito e gratidão! Por serem além de mulheres, mães, amantes, também são irrefutavelmente, seres humanos fantásticos!
Isso tudo é um pouco da grandiosa obra - Ana Terra - tem a nos revelar.