INTRODUÇÃO
 
Amor, ódio, paixão, indiferença, fé, esperança, caridade, tristeza, alegria, vicio e virtude, crença e filosofia, dor e prazer, vida e morte, sorte e azar, apego e desapego, destino e assertividade, saudade e esquecimento, ciúme e confiança, medo e coragem, a covardia e a valentia, a amizade e a desafeição, o certo e o errado, o meio e o extremo; todos esses e muitos outros termos usualmente empregados para nomear nossos estados internos de emoção são sentimentos essenciais que constituem os alicerces da alma humana.
Embora, em princípio, pareçam ter significados diferentes, no fundo, todos provém de uma origem comum, que é o sentimento chave que dá origem a todos eles e está na essência do ser humano e o identifica como tal.
Esse sentimento é o Amor. Ele é o fundamento essencial de todos os estados internos do ser humano. Seja como justificativa para sua ausência ou para sua presença, para sua afirmação ou negação, ele está presente em todas as raízes desses substantivos e nas ideias que eles representam.
Dai entendermos que todas as palavras que simbolizam,de alguma forma, os nossos sentimentos, têm como origem, uma semente de Amor. Por isso, todos são cognatos desse termo.
Porque o Amor resume a totalidade dos sentimentos humanos. É dele que derivam todos os motivos de sentir, agir e viver que fazem com que as pessoas se empenhem para ter ou ser.
Seja o amor romântico, o amor fraternal, o amor por si próprio, o amor pela humanidade, ou por algo que se deseja, todos têm raiz nesse sentimento único que, no fundo, é a nossa fundamental razão de viver.
Nesse sentido, reunimos uma coletânea de sonetos de nossa autoria, nos quais o tema é justamente o Amor. O Amor em todos os sentidos. O Amor em todas as formas de sentir.
Quanto às composições, não nos preocupamos muito com a rigidez da forma, já que o soneto, como se sabe, tem uma estrutura consagrada, em termos de metro e rima. Destarte, o leitor não encontrará nos poemas aqui elencados essa padronização, pois em uma ou outra composição poderá ocorrer disparidade no número de sílabas métricas.
A estrutura do soneto, composição de quatorze versos, dispostos em dois quartetos e dois tercetos, com uma exposição do tema nos dois primeiros conjuntos de versos, uma proposição no primeiro terceto e uma conclusão no último foi mantida.  Porém, a nossa única preocupação foi, na verdade, a clareza de expressão no sentimento comunicado. Isso por entendermos que o Amor, ou qualquer um dos seus cognatos, que em nossa opinião, são, praticamente, todos os sentimentos humanos, não devem se conformar em um padrão.
Tudo que é compreendido está certo. Essa foi a proposição que nos guiou nesta coletânea. O que o leitor encontrará aqui é um conjunto de composições singelas, onde a forma do soneto é apenas um veículo. O que conta é a emoção que cada poema conseguir eliciar na sua sensibilidade. Só pedimos que sejam lidos com o coração aberto e a mente desarmada. A crítica deve ficar para os doutos. Para os simplesmente humanos, que fique a sensação de já ter vivido todas essas experiências. Pois foi para isso que eles foram escritos.
Para falar de Amor.
 

     I-  CRUZADA

CRUZADA
 
 
Desta janela, oculta em meio ao mundo,
Vejo passar a princesinha do meu conto.
Mas por ora, o que faço é suspirar fundo,
Sou um herói que ainda não está pronto.                                                         
 
Neste momento, não sou nem cavaleiro;
Não tenho armas, títulos ou propriedade.
Não passo de pobre e humilde escudeiro,
Mas um dia serei um nobre de verdade.
 
Você será motivo de uma justa cruzada,
Que travarei como se fosse o templário,
Que luta pela crença que lhe é sagrada.
 
Que este livro possa ser a minha espada;
A sua imagem será o meu santo sudário,
E o seu amor minha heresia confessada.

 
 
(excerto do nosso novo livro "Todos os nomes do Amor", no prelo para publicação pela Editora All Print