Loucura imposta

LOUCURA IMPOSTA
Miguel Carqueija

Resenha do romance “Rosinha, minha canoa”, de José Mauro de Vasconcelos. Edições Melhoramentos, São Paulo-SP, 3ª edição, 1990. Série Comunicação, s/n. Capa: Rui de Oliveira.

Uma história muito triste em sua ingenuidade, que fala num homem, Zé Orocó, que vive no Centro-Oeste, em contato com índios e populações ribeirinhas, que ajuda os outros com simplicidade e navega pelos rios em sua canoa. Ele chama a canoa de Rosinha e conversa com ela constantemente. Não fica muito claro se a canoa fala mesmo com ele, mas basta isso, embora o hábito seja inofensivo, para que um intrometido médico da cidade o mande para um hospício.
O livro é, de fato, um libelo contra a impiedade do sistema aqui cristalizada nas brutalidades e desumanidades praticadas em hospícios, sem consideração pela dignidade do ser humano. O protagonista, vítima do sistema, terá um longo périplo a percorrer para conseguir retornar a uma vida normal. O médico fica impune.
É fato que o livro tem detalhes que o tornam um pouco difícil, como o excesso de linguagem caipira nos primeiros capítulos; além disso não é recomendável para um público mais jovem, por causa da crueza de certas cenas. Mas a mensagem é válida e vigorosa.

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2017.