A "Origem do Mal"
Resenha do romance "Hannibal: a origem do mal", por Thomas Harris. Edições Best Bolso, Rio de Janeiro-RJ, 2014. Tradução: Gilson Baptista Soares. Título original norte-americano: "Hannibal rising", Yazoo Publications, 2006. Capa: Luciana Gobbo e Sérgio Carvalho sobre imagem Dreamstime.
Mesmo sabendo ser o tema forte - a trajetória de um psicopata canibal - os livros de Thomas Harris me decepcionaram profundamente. Trata-se evidentemente de um brutalista, corrente que desvirtua as literaturas policial e de ficção científica.
Curiosamente o filme "O silêncio dos inocentes", que assisti há tantos anos em fita de vídeo, não me causou essa má impressão. Até o Roger Corman aparecia no citado filme. Agora eu entendo que o cinema podou a grosseria do autor.
"Hannibal, a origem do mal" focaliza a terrível infância do monstro, na Lituânia, em plena Segunda Guerra Mundial, e como o menino viu a sua irmã Misha ser eliminada e comida (sic) pelos soldados desgarrados em situação de grande fome. Isto resultará, anos depois, na elaborada vingança do monstro em formação. Adotado pelo tio após a perda da família e um tempo em orfanato, Hannibal logo fica "órfão" do tio, mas resta sua tia adotiva, a viúva japonesa. Hannibal cresce e se torna uma máquina de matar, disposto a eliminar os que conspurcaram sua irmã.
O fato é que Thomas Harris dá um jeito de tornar os inimigos de Hannibal Lecter piores do que ele, para que os leitores torçam pelo canibal. Pior que isso, porém, é o linguajar constantemente sujo, pervertido, dos diversos personagens, bem como o comprazer do autor nas descrições sádicas e sórdidas. O estilo de Thomas Harris é transgressor, nojento. Quem por décadas a fio leu literatura policial e grandes mestres como Leslie Charteris, Dorothy L. Sayers, Sax Rohmer, Carter Dickson, Erle Stanley Gardner, Ellery Queen, Agatha Christie, Rex Stout, as obras de Thomas Harris causam repulsa, são amorais e não falta nem o desrespeito à religião. Além disso o seu estilo é seco, sem molho, sem humor, limitando-se a um continuo entrechocar de personagens raivosos e cheios de ódio e agressividade.
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2020.
Resenha do romance "Hannibal: a origem do mal", por Thomas Harris. Edições Best Bolso, Rio de Janeiro-RJ, 2014. Tradução: Gilson Baptista Soares. Título original norte-americano: "Hannibal rising", Yazoo Publications, 2006. Capa: Luciana Gobbo e Sérgio Carvalho sobre imagem Dreamstime.
Mesmo sabendo ser o tema forte - a trajetória de um psicopata canibal - os livros de Thomas Harris me decepcionaram profundamente. Trata-se evidentemente de um brutalista, corrente que desvirtua as literaturas policial e de ficção científica.
Curiosamente o filme "O silêncio dos inocentes", que assisti há tantos anos em fita de vídeo, não me causou essa má impressão. Até o Roger Corman aparecia no citado filme. Agora eu entendo que o cinema podou a grosseria do autor.
"Hannibal, a origem do mal" focaliza a terrível infância do monstro, na Lituânia, em plena Segunda Guerra Mundial, e como o menino viu a sua irmã Misha ser eliminada e comida (sic) pelos soldados desgarrados em situação de grande fome. Isto resultará, anos depois, na elaborada vingança do monstro em formação. Adotado pelo tio após a perda da família e um tempo em orfanato, Hannibal logo fica "órfão" do tio, mas resta sua tia adotiva, a viúva japonesa. Hannibal cresce e se torna uma máquina de matar, disposto a eliminar os que conspurcaram sua irmã.
O fato é que Thomas Harris dá um jeito de tornar os inimigos de Hannibal Lecter piores do que ele, para que os leitores torçam pelo canibal. Pior que isso, porém, é o linguajar constantemente sujo, pervertido, dos diversos personagens, bem como o comprazer do autor nas descrições sádicas e sórdidas. O estilo de Thomas Harris é transgressor, nojento. Quem por décadas a fio leu literatura policial e grandes mestres como Leslie Charteris, Dorothy L. Sayers, Sax Rohmer, Carter Dickson, Erle Stanley Gardner, Ellery Queen, Agatha Christie, Rex Stout, as obras de Thomas Harris causam repulsa, são amorais e não falta nem o desrespeito à religião. Além disso o seu estilo é seco, sem molho, sem humor, limitando-se a um continuo entrechocar de personagens raivosos e cheios de ódio e agressividade.
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2020.