PORTAL DO DESTINO: a volta de Tommy e Tuppence

PORTAL DO DESTINO: a volta de Tommy e Tuppence
Miguel Carqueija

Diferente de outros personagens fixos, como o próprio Hercule Poirot, também criado por Agatha Christie, o casal Tommy e Tuppence Beresford, surgido na década de 1920, envelhece visivelmente ao longo do tempo e aqui já chega à velhice.
Resenha do romance policial “Portal do destino”, de Agathe Christie. L&PM Pocket, Porto Alegre, RS, 2011. Título original inglês: “Postern of fate”, primeira publicação em 1973. Tradução: Henrique Guerra.

Tem muito diálogo – por vezes bem banal e até maçante — nesta história que envolve Tommy e Tuppence, um casal que, no passado, participou em missões de espionagem a serviço da Inglaterra mas se aposentou e mesmo assim vive novas aventuras, agora trazidas por circunstâncias fortuitas.
Com o mordomo Albert e o cão de guarda Hannibal (um manchester terrier muito especial) o casal Beresford vai morar numa aldeia litorânea a pouca distância de Londres. No começo, com Tommy e Tuppence arrumando livros, há uma profusão de referências literárias inclusive de autores clássicos como o de Robert Louis Stevenson. Aí surge a pista de um possível crime cometido gerações atrás.
Tuppence, que se sente atraída por investigações, resolve então juntar pistas e descobrir o que de fato aconteceu com Mary Jordan, uma jovem governanta morta misteriosamente antes da Primeira Guerra Mundial.
Agatha Christie constrói uma hábil trama de espionagem e contra-espionagem misturando passado e presente, com alguns toques de humor, como a atuação marcante de Hannibal como um voluntarioso protetor da família.
Os livros de Agatha Christie, que sempre evitam cenas brutais ou licenciosas e utilizam linguagem limpa, são sempre estimáveis.

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2020.