Resenha: O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo (Youtube: O Livro da vez por David Thomas)
1. Informações técnicas da obra:
• Título da Obra: O Corcunda de Notre Dame (Título original: Notre Dame de Paris);
• Autor/Autora da Obra: Victor Hugo;
• Data de publicação: 1831.
2. Enredo:
Victor Hugo escreve este livro numa tentativa de defender o patrimônio cultural Francês das depredações causadas pelas revoluções e também das modernizações que já vinham ocorrendo em sua época. Inclusive é graças ao livro que a Catedral de Notre-Dame não é demolida. A Narrativa começa no dia 6 de janeiro de 1482, século 15, na Paris Medieval. Duas festividades e uma peça estão ocorrendo nesse dia. Cada personagem dessa peça representará uma determinada classe social francesa da época medieval: O Clero, a nobreza, mercadorias e a classe operária. Nas primeiras páginas vamos acompanhando a ansiedade do público para que a peça se inicie logo, pois já se atrasara demais. O Público sugere que enquanto aguardam, seja eleito um “Papa dos Tolos”, ou seja, a pessoa mais feia. Aí aparece Quasímodo, o horroroso homem que toca os sinos da Catedral de Notre Dame. Ele não está acostumado com tanta atenção. Sorri feliz enquanto vários homens fortes o colocam num trono e o carregam por toda Paris. O dramaturgo, Pierre, sai pelas ruas, encontra a cigana Esmeralda e se apaixona por ela que dança para o público com sua cabra que magicamente entende seus truques. Aparece o arquidiácono, Claude Frollo, tirando Quasímodo da humilhante cena em que se encontra publicamente. Temos uma narração rápida das origens de Quasimodo, pois fora abandonado pela mãe na Catedral. Lá ele foi adotado por Claude Frollo, o arquidiácono e com o tempo passou a conhecer os segredos de Notre Dame melhor do que ninguém, raramente deixando o confinamento. O pai adotivo o encarrega de tocar os sinos da Catedral, tarefa que também o deixará surdo. Ele e o filho se comunicam por linguagem de sinais. O dramaturgo Pierre, um dos responsáveis pelo salvamento de Esmeralda em um sequestro, é pego pelos mendigos parisienses que começam a lhe fazer testes desumanos. Esmeralda aparece, o salva e casa com ele. Quasímodo é colocado no palco da praça para ser chicoteado. Algo interessante de se notar nesse momento é a maldade natural humana. Pois algo que os parisienses mais gostam de presenciar é um açoitamento público. Depois de muito apanhar, ele implora água e a própria cigana Esmeralda vai lhe oferecer. Ofendida constantemente pela população de egípcia, pois ciganos não eram bem vistos na Europa medieval por serem exatamente descendentes dos egípcios que escravizaram os judeus no livro de Êxodo. Claude Frollo mata o capitão Phoebus, que mantinha um caso com Esmeralda mesmo casado. Esmeralda é presa, acusada de assassinato e bruxaria, já que ele foi assassinado pelo religioso sobre ela. Nem a cabra escapa, pois acreditam que ela é o Diabo disfarçado,
crença muito comum na época da Inquisição. Esmeralda é levada para o calabouço e a partir daí veremos o autor nos dar uma aula de História sobre esse período sombrio que a raça humana viveu. Assim como de fato ocorreu com milhares de mulheres na Santa Inquisição, Esmeralda será torturada ao ponto de se sentir obrigada a admitir ter praticado bruxaria. Quasímodo, apaixonado por Esmeralda, auxilia-a enquanto está presa nas galerias da Catedral. Lembram do dramaturgo Pierre que casara com Esmeralda? Ele convocará um exército de vagabundos para saquear a Notre Dame e salvar sua amada. Nesse momento vemos a principal crítica de Victor Hugo: A depredação dos patrimônios históricos de Paris. Podemos ver, na figura de Claude Frollo, uma crítica fortíssima de Victor Hugo à Igreja e seus dirigentes. Afinal, o arquidiácolo começa a chantagear a cigana, prometendo salvar a vida dela se lhe querer como homem. Claude Frollo não finge, mas de fato acredita ter sido enfeitiçado por Esmeralda, por isso ela a enforca. Quasímodo finalmente vê a crueldade que há no coração do pai e o joga de uma das torres da Catedral. Assim como as tragédias de Shakespeare esse enredo terá um desfecho nada bonitinho, pois Quasímodo desaparece após esses eventos, sendo encontrado seu esqueleto abraçado aos restos de Esmeralda muitos anos depois. De fato, ele ficou com sua amada, porém a teve somente na morte.
3. Referências bibliográficas:
O Corcunda de Notre Dame, Victor Hugo. Adaptação por Michael Ford. Ilustrado por Penko Gelev. Traduzido por Santiago Nazarian. 1.ed – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008 – (Coleção Quadrinhos Nacional);