"As Cem Linguagens da Criança" Resenha Parte IV: A Extensão da Abordagem de Reggio Emilia para as Escolas Americanas
“As Cem Linguagens da Criança”
Resenha Parte IV: A Extensão da Abordagem de Reggio Emila para as Escolas Americanas
Alexandre José de Souza Puglisi ¹
Resumo: Trabalho realizado com o intuito de tornar sucinto os feitos pedagógicos de Loris Malaguzzi em relatos de pesquisadores referentes à abordagem adotada nas escolas da região de Reggio Emilia, Itália.
Palavras-chave: Educação infantil; Linguagens; Puglisi
SÃO PAULO
2020
Parte IV: A Extensão da Abordagem de Reggio Emilia para as Escolas Americanas.
O objetivo central desta resenha é de salientar os aspectos da teoria adotada em Reggio Emilia e sua pratica sobre o desenvolvimento infantil em comparação com àquelas adotadas nas escolas americanas considerando, principalmente, o componente cultural como determinante às contradições encontradas.
Neste sentido, podemos comparar o sistema que esta impregnado por força da cultura nas instituições de Reggio Emilia com o encontrado nas escolas norte-americanas. O interesse na abordagem de Reggio Emilia esta focado na teoria sobre o desenvolvimento infantil e suas praticas educacionais. Segundo os americanos, esse conhecimento pode melhorar o e ampliar o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil possibilitando melhorar a concepção sobre a faixa de comportamento normal em crianças pequenas, refutar crenças antigas, e aumentar o conhecimento sobre a influência do contexto de desenvolvimento observando as características culturais como fatores influenciadores no desenvolvimento infantil.
Apesar das diferenças culturais existentes que foram observadas principalmente em três categorias como o ambiente de sala de aula, o papel do professor, e as estratégias especificas desenvolvidas para a promoção das linguagens simbólicas entre crianças de variadas idades e competências, diversas tendências na educação norte-americana sugerem uma afinidade.
Apoiada na teoria construtivista, os processos interativos das crianças passam a serem reconhecidos como um importante evento para o seu desenvolvimento cognitivo e social. Derivado desta mesma teoria, os professores norte-americanos estão cada vez mais observando e cada vez menos a invadir as interações sociais que ocorrem entre as crianças. No que tange as estratégias e práticas educacionais, existem muitos rituais, rotinas e responsabilidades que são considerados sagrados associados ao contexto da primeira infância nos EUA que atingem desde os horários do inicio das atividades até a elaboração dos currículos incluindo também a baixa razão entre aluno-professor. Este é um contexto que celebra e considera principalmente os aspectos culturais impondo condições as praticas e estratégias adotadas.
Todavia, é de suma importância destacarmos as diferenças evidenciadas entre as escolas americanas e as reggianas.
Primeiro, o tamanho da classe e a relação criança-professor são diferentes. Em Reggio Emilia, esta relação é maior da oferecida nos Estados Unidos.
Segundo, a organização do grupo também difere. Em Reggio Emilia, os professores acompanham o grupo por três anos consecutivos. Já no caso americano isso não ocorre onde o professor americano só tem a obrigação de conhecer o desenvolvimento do bebê permanecendo um período mais curto com a criança.
Terceiro, as crianças nas escolas reggianas são encorajadas a discordar, debater e resolver seus problemas entre elas mesmas contrariando a forma americana de atuar onde o professor age como interventor nos conflitos.
Outra diferença apoia-se na noção de tempo dentro da rotina que desafia a noção aplicada desta estrutura pelos professores americanos.
Quinta diferença a ser ressaltada é o fato de que as escolas de Reggio Emilia oferecem as crianças múltiplas oportunidades de repetir as atividades a fim de refletirem e melhorarem seus níveis anteriores de habilidade e entendimento.
Finalmente, a visão americana do papel do professor centraliza-se nas interpretações por eles efetuadas em relação as crianças sendo que, em Reggio Emilia, o professor evolui e aprende junto à criança.
A questão da qualidade dentro de um programa educacional na visão de Malaguzzi e a exemplo do que acontece com as escolas de Reggio Emilia, o ambiente contribui de forma determinante para o desenvolvimento e educação na primeira infância. Seguindo esta preocupação para oferecer uma educação de qualidade, deu-se origem em Massachusetts através de um projeto chamado “ A Cidade na Neve” a aplicação da abordagem multissimbólica utilizada em Reggio Emilia. Baseado em um projeto chamado A Cidade na Chuva realizado em uma das escolas de Reggio Emilia, este projeto teve como objetivo observar as alterações que ocorrem na cidade e seus habitantes quando neva. Por sua vez, este projeto foi realizado dentro da abordagem multissimbólica seguindo ciclos de simbolização que são: discussão, desenhos iniciais e discussão adicional, simulação, a utilização do desenho como referência, a experiência, desenhos pós-experiência, ampliação, aprofundamento, e finalmente mais ampliação e aprofundamento.
Ao final do projeto, os educadores americanos chegaram a conclusão de que o saber das crianças é essencial para um projeto bem sucedido. Outra observação constatada é de que as crianças não sentiam que estavam continuamente retrabalhando o mesmo conceito, pois além disso, fazer um projeto a partir apenas de um objetivo é perder uma grande oportunidade para ajudar as crianças a constituírem sistemas integrais a partir de subsistemas.
Concluindo, as escolas municipais de Reggio Emilia tornaram-se um modo de inspirar novas “possibilidades,” não apenas para as crianças, mas para nós, professores. Enquanto adaptamos ideias encontramos novas soluções que se ajustam as nossas próprias necessidades, ideias, contexto e percepção das crianças. Outra constatação é que por meio da documentação cuidadosa e detalhada dos projetos e das fases do desenvolvimento infantil, aumentamos a capacidade das crianças de refletirem sobre suas próprias ideias e sobre as ideias dos outros, além de fazerem conexões com o decorrer do tempo.
 
Bibliografia:
EDWARDS, Carolyn; FORMAN, George; GANDINI, Lella. As cem linguagens da criança: A abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.