O Sudário de Oviedo
Clonar seres humanos é uma técnica tão noticiada nos dias de hoje, que apesar da polêmica, passa muitas vezes desapercebida pelo grande público. Mas qual seria a reação do mundo quando alguém quisesse clonar, a partir do DNA contido nos sudários de Oviedo e Torino, de Jesus Cristo? É esse argumento que os autores norte-americanos Leonardo Foglia e David Richards, constroem a história do livro O Sudário de Oviedo (The Cloth of Oviedo, tradução Marisa Motta, Objetiva, 271 páginas, R$ 34,90),
A história tem início há sete anos, Dom Miguel Alvarez, o sacerdote encarregado de guardar as relíquias da Câmara Santa da catedral de Oviedo é encontrado morto e as autoridades eclesiásticas vendo que nada fora roubado da câmara secreta, não ponderam que sua maior relíquia, o tecido que cobriu o rosto de Cristo após sua crucificação, havia sido alterada. Alguns anos depois, na cidade de Boston, uma jovem, sentindo que sua vida estava sendo desperdiçada, sem perspectivas de melhoria, decide após ler um anúncio de uma agência de mães de aluguel, que poderia ser útil a alguém. Logo, conhece um casal e aceita receber o embrião e passa a viver com eles, em uma vida de luxo e cuidados. Mas a super-proteção e segredos mal explicados dão lugar a uma espécie de cativeiro. E uma descoberta surpreendente.
O sudário de Oviedo é um romance que segue a moda dos mistérios esotéricos tão em voga nos dias atuais, mas que não percorre o mesmo rumo que Dan Brown abriu com o seu Código Da Vinci, relevando à narrativa uma remota inspiração no Sudário guardado em Oviedo, e que é considerado como utilizado por Jesus Cristo.
A narrativa se inicia na Catedral, contudo as menções a cidade de Oviedo terminam praticamente no segundo capítulo, com algumas pacas lembranças ao longo do romance. Não há muitas referências para o mistério do Sudário, sendo tênues as minúcias para os curiosos que queiram conhecer a história deste tecido sagrado.
Na realidade, a impressão que se tem da obra é a de um roteiro de um telefilme, narrado em estilo livre, sem nenhum artifício típico do gênero, como as intrigas e as reviravoltas na história. A trama se centraliza na jovem Hannah Manning e sua decisão de ser mãe de aluguel, desenvolvendo ao longo do texto, o contrato através de uma agência intermediadora, com o casal Jolene e Marshall Whitfield. Acaba descobrindo, com a ajuda de um padre e de uma amiga garçonete, a ligação do casal com um misterioso culto que prega a segunda vinda de Cristo pelas mãos da ciência. Como é habitual, os protagonistas busca toda a informação que necessita na Internet.
Com uma linguagem simples, breve e ágil, O Sudário de Oviedo, descreve nas poucas linhas dedicadas à cidade espanhola de uma forma bem precisa. O fanatismo é abordado, contido, sem muita controvérsia e o livro não levantou muita polêmica, mas usa o tema da genética paulatinamente em meio à tensão da narrativa.
O livro é best seller na Europa, e os autores já estão preparando uma continuação para a história, além de uma possível filmagem.
Vale a pena conferir, pelo trama, mas não espere esoterismo em suas páginas.