O grande clássico de Camilo Castelo Branco
O GRANDE CLÁSSICO DE CAMILO CASTELO BRANCO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Amor de perdição”, de Camilo Castelo Branco. Tecnoprint Gráfica (Edições de Ouro), Selo de Ouro, nº 281. Distribuidora: Editora Gertum Carneiro.
As edições de bolso da Tecnoprint costumavam ter apresentação caprichada e abrangiam praticamente todos os gêneros, até culinária e corte e costura. Além da literatura popular, também editava autores clássicos.
“Amor de perdição” é romance do século 19 e bem representativo dos costumes da época. Mostra o jogo do poder e da intriga entre dois figurões que se detestavam e que não hesitam em sacrificar os próprios filhos, numa repetição da tragédia de Romeu e Julieta.
É bem verdade que o texto parte de uma premissa que hoje não convence, ou seja, que uma mulher e um homem acabem de se conhecer, mesmo a distância, e já queiram se casar e pretendem um amor desesperado que desafia a opressão e até a morte. É por demais inverossímil, pelo menos nas condições modernas.
Simão Antônio Botelho é filho do juiz Domingos José Correia Botelho e aos 17 anos se apaixona pela vizinha, Teresa de Albuquerque, de 15 anos, filha de Tadeu de Albuquerque, outro magistrado, e desafeto de Domingos por conta de litígios anteriores. Assim, o amor entre os dois jovens é de antemão condenado pelos dois pais, e é só nisso que ambos concordam.
Há diversas reviravoltas no livro e certo ferreiro, João da Cruz, amigo de Simão, tem grande relevância na história. A filha de João, Mariana, enamora-se de Simão com grande sinceridade, mas respeitando sua paixão por Teresa. Ela fará tudo o que estiver ao seu alcance pelo rapaz.
O que dificilmente se compreende é que Simão perca as estribeiras ao ponto de matar o primo de sua amada, Baltazar, pois este pretendia casar com a menina e por escolha do próprio magistrado. Teresa se recusa e acaba sendo mandada para o convento.
O crime de Simão determina que a história será trágica até o fim. O que, aliás, o próprio título do romance anuncia.
Embora não seja o meu gênero favorito, reconheço que a história prende a atenção até o fim.
Rio de Janeiro, 23 de março de 2020.
Comentários: Camilo José de Lima Cabral, Ynu (Rosa D Saron), Dartagnan Ferraz, Jacó Filho, Ilustre Desconhecido