A sogra segundo Aluísio Azevedo
A SOGRA SEGUNDO ALUÍSIO AZEVEDO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Livro de uma sogra”, de Aluísio Azevedo. Casa da palavra, Rio de Janeiro-RJ, 2001. Prefácio e posfácio: Nubia Melhen Santos. Apêndices: textos de Valentim Magalhães, Arthur Azevedo, Fantasa, José Veríssimo e Alexandre Arbex. Capa: Casa da Palavra.
Conheço muito da obra de Aluísio Azevedo e reconheço que este livro é bem diferente de outros romances de sua lavra. Datado de 1895, é o último romance que Aluísio produziu pois a sua vida mudou completamente ao tornar-se cônsul e deixar o país.
Pode ser sim que o “Livro de uma sogra” seja tecnica e estilisticamente superior a “O mulato”, “O cortiço”, “Philomena Boges” e outros. Isso porém não o torna melhor, por conta de muitos problemas.
“Livro de uma sogra” fala basicamente de um casamento desde o início manipulado pela sogra, a viúva Dona Olímpia, que faz o mais que consegue a cabeça da filha Palmira e impõe regras draconianas ao genro Leandro. Regras escritas, aliás. A teoria de Dona Olímpia, baseada em sua experiência pessoal, é que o excesso de convivência de um casal destrói o matrimônio, de modo que devem ocorrer separações periódicas e até longas.
Ora bem: uma grande parte do texto não apresenta qualquer ação mas a explanação das teorias de D.Olímpia, com linguagem empolada e cheia de preconceitos e proposições ridículas, exageros, generalizações arbitrárias. Há pontas soltas. Olímpia tivera dois filhos em seu casamento onde, apesar de existir amor, os dois conjugues ficaram logo fartos um do outro e viviam brigando. Separaram-se, o marido, Virgílio, seguiu para o exterior levando o filho, Gastão, cujo nome, em diminutivo, é mencionado apenas uma única vez, logo no início. Pai e filho morrem em pouco tempo. Olímpia fica com a filha e, decidida a preservá-la dos mesmos males, bole o seu sistema de convivência alternada com separação.
O romance não resiste a uma análise severa.
Rio de Janeiro, 4 de abril de 2018.
A SOGRA SEGUNDO ALUÍSIO AZEVEDO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Livro de uma sogra”, de Aluísio Azevedo. Casa da palavra, Rio de Janeiro-RJ, 2001. Prefácio e posfácio: Nubia Melhen Santos. Apêndices: textos de Valentim Magalhães, Arthur Azevedo, Fantasa, José Veríssimo e Alexandre Arbex. Capa: Casa da Palavra.
Conheço muito da obra de Aluísio Azevedo e reconheço que este livro é bem diferente de outros romances de sua lavra. Datado de 1895, é o último romance que Aluísio produziu pois a sua vida mudou completamente ao tornar-se cônsul e deixar o país.
Pode ser sim que o “Livro de uma sogra” seja tecnica e estilisticamente superior a “O mulato”, “O cortiço”, “Philomena Boges” e outros. Isso porém não o torna melhor, por conta de muitos problemas.
“Livro de uma sogra” fala basicamente de um casamento desde o início manipulado pela sogra, a viúva Dona Olímpia, que faz o mais que consegue a cabeça da filha Palmira e impõe regras draconianas ao genro Leandro. Regras escritas, aliás. A teoria de Dona Olímpia, baseada em sua experiência pessoal, é que o excesso de convivência de um casal destrói o matrimônio, de modo que devem ocorrer separações periódicas e até longas.
Ora bem: uma grande parte do texto não apresenta qualquer ação mas a explanação das teorias de D.Olímpia, com linguagem empolada e cheia de preconceitos e proposições ridículas, exageros, generalizações arbitrárias. Há pontas soltas. Olímpia tivera dois filhos em seu casamento onde, apesar de existir amor, os dois conjugues ficaram logo fartos um do outro e viviam brigando. Separaram-se, o marido, Virgílio, seguiu para o exterior levando o filho, Gastão, cujo nome, em diminutivo, é mencionado apenas uma única vez, logo no início. Pai e filho morrem em pouco tempo. Olímpia fica com a filha e, decidida a preservá-la dos mesmos males, bole o seu sistema de convivência alternada com separação.
O romance não resiste a uma análise severa.
Rio de Janeiro, 4 de abril de 2018.