Agatha Christie: A casa do penhasco

AGATHA CHRISTIE: A CASA DO PENHASCO
Miguel Carqueija

Os romances policiais de Agatha Christie já trazem em si garantia de qualidade e diversão. O seu conhecido detetive, o belga Hercule Poirot, é quase um anti-herói: vaidoso, pernóstico, o que mais detesta é ficar no escuro durante uma investigação.
Este caso passado na Cornualha é típico da autora, espalhando pistas falsas e dando afinal uma solução improvável. Eu por exemplo desconfiei de saída do personagem Challenger, cuja conduta me pareceu suspeitíssima, e no fim de contas Poirot e Hastings o consideraram logo inocente do crime e era mesmo. O seu modo suspeito de agir passa batido. Mas era culpado de outra coisa.
Habilmente portanto a romancista faz com que personagens culpados de alguma coisa pareçam suspeitos do crime maior que está sendo investigado.
O que falta mais em Agatha Christie é um senso mais apurado de humor, praticamente restrito ao narcisismo de Poirot, que se tem na conta de gênio e proclama isso aos quatro ventos.
“A casa do penhasco” não está entre os melhores livros da romancista inglesa mas vale a pena ler com atenção.
“A casa do penhasco”, por Agatha Christie. Editora L&PM Pocket, Porto Alegre-RS, 2011. Título original: “Peril at end house”. Tradução: Otavio Albuquerque. Coleção L&PM Pocket, 917. Primeira publicação na Inglaterra: 1932.