NA BELEZA DOS LÍRIOS, de John Updike
Na “BELEZA DOS LÍRIOS”, do escritor norte-americano John Updike, narra as vidas de quatro gerações de uma família: “o clã” dos Wilmot. O enredo se concentra em quatro histórias dos seguintes personagens: CLARENCE, TEDDY, ESSIE OU ALMA, CLARK OU ESAÚ.
A história da obra começa em 1910, quando o reverendo/pastor da igreja presbiteriana Clarence Arthur Wilmort, depois de mais de vinte anos de ministério cristão, com 44 anos de idade na época, casado com Stella e pai de três filhos: Jared, Esther e Teddy, sofre uma “crise espiritual”. O pastor Clarence, um homem bastante culto e formado pela universidade de Princeton, perde a fé em Deus (e nas religiões), depois de muito estudar e se aprofundar na bíblia e em dezenas de pensadores, cientistas e escritores cristãos e ateus.
A história segue o fluxo da família, agora focando no filho mais novo: Teddy. Este não quer se tornar como o irmão mais velho, Jared, e o pai, Clarence, pois ele acha que o excesso de conhecimento e de inteligência “arruinou” a vida deles. Depois que a família se muda para um outro estado, devido a problemas financeiros, Teddy consegue o emprego de carteiro, se casa com uma jovem metodista, Emmily Jeanette Sifford (ela nasceu com uma deficiência física na perda), e o casal alcança o sonho americano: uma casa própria, uma estufa cheia de flores e plantas que Teddy cuida e eles geram uma linda criança: a pequenina Essie.
Essie é diferente dos pais os quais são pessoas que buscam apenas uma vida serena e simples; Essie é cheia de ambições e de sonhos e disposta a tudo... depois de muito lutar, consegue se tornar uma atriz de sucesso. Nesta parte do livro, o narrador discorre desde os primórdios e os progressos da indústria cinematográfica norte-americana. Aliás, ao longo do livro, John Updike cita e narra e comenta sobre os grandes acontecimentos e “pessoas” que marcaram os Estados Unidos durante 80 anos de história: como Henry Ford e o fordismo, o herói Charles Lindbergh, a segregação racial, a luta pelos direitos civis e trabalhistas, as conquistas das mulheres e do feminismo, a primeira e a segunda guerra mundial, a paranoia americana sobre o comunismo e o capitalismo, o puritanismo religioso sempre presente no âmago das pessoas, sejam elas seres sórdidos, reles, mesquinhos ou de “bom coração”.
A última parte do livro é sobre o filho de Essie, neto de Teddy_ o jovem Clark. Clarck, depois de uma infância difícil com uma mãe sempre ausente que priorizava sempre a própria carreira na televisão e no cinema, assim como as manchetes nos jornais e entrevistas na tevê, Clark, afundado em uma vida de promiscuidade sexual e nas drogas, encontra “a redenção e a luz” em uma seita cristã conhecida como “O Templo”. O livro começa com a perda da fé e termina falando sobre o fanatismo religioso. O desfecho do enredo, como alguns podem perceber, acaba sendo uma tragédia veiculada pelas grandes divindades da informação e do entretenimento.
Ler “NA BELEZA DOS LÍRIOS”, de John Updike, não é só ver e assimilar tudo o que ocorre na vida da família Wilmot, tampouco não se trata apenas de discorrer sobre “a classe média americana” e a herança do protestantismo no seio familiar dos EUA. Ler “Na Beleza dos Lírios” é vislumbrar e dissecar quase um século de “marcantes” acontecimentos, transformações, mentiras e tragédias da história norte-americana, cujos os quais deixaram legados e cicatrizes até hoje na sociedade contemporânea.
Gilliard Alves Rodrigues