No Fundo Do Poço, de Buchi Emecheta
Título: No fundo do poço
Autora: Buchi Emecheta
1ª publicação: 1972
1ª edição com tradução para o português em 2019
Editora: Dublinense
Tradução: Julia Dantas
A obra fala sobre a vida de uma imigrante nigeriana morando no subúrbio de Londres com seus filhos. A partir daí passamos a conhecer os problemas enfrentados por ela, em sua busca por melhor condição de vida para sí e para seus filhos.
O livro é dividido em 15 capítulos, em geral capítulos breves, narrado em terceira pessoa, possuindo 192 páginas, nas últimas uma breve descrição dos seus outros livros: As alegrias da maternidade e Cidadã de segunda classe.
No fundo do poço apresenta Adah, mãe de cinco filhos, solteira e universitária, a sua única renda vem do trabalho na biblioteca da cidade. Adah mora em um quarto alugado onde é inquilina, assim como outras pessoas que vivem lá, de um nigeriano. Porém Adah não se sente feliz com o lugar, pois está sempre sendo supreendida ao tentar domir por ratos. Já que o dono não dá um jeito no que é um incomodo para Adah, ela resolve reclamar na prefeitura sobre as péssimas condições do quarto alugado, obrigando assim o nigeriano a tomar as devidas providências. Mas não foi isso que aconteceu, e o homem resolveu tentar assustá-la durante a madrugada. Então Adah resolve se mudar dali. É ai que a protagonista vai parar em um Residencial o qual chamam de “O fundo do poço” e era habitado por familias considaderas “famila- problema”. Adah inicialmente fica feliz, afinal tinha se livrado dos ratos.
Instalada no Residencial a protagonista começa a ser questionada por uma assistente social chamada Carol que prestava serviços ali sobre o cuidado com seus filhos, já que ao ir a faculdade deixava-os sozinhos. Adah então se vê obrigada a pedir demissão no trabalho. Para se sustentar ela passa a receber um auxílio financeiro do governo igual aos outros habitantes que vivem ali. Sem trabalhar e agora com mais tempo livre, Adah começa a fazer ainda mais parte daquele lugar, faz amigos. A protagonista sofre com os problemas enfrentados por todos do Residencial e tenta definir o que seria “familia-problema”. Devido as péssimas condições de moradia do lugar os moradores do Residencial se revoltam e resolvem mudar-se. Adah então vai parar em um novo apartamento denominado por ela caixa de fósforo. Ao contrário do Residencial Pussy Cat, no novo apartamento Adah não incomodava e não era incomodada pelo barulho dos vizinhos, pois as paredes não eram finas, tinha aquecimento central instalado, portanto não sentia mais frio. Ainda, o apartamento era bem localizado ficava ao lado de casas caríssimas. Agora Adah parecia ter saído do “Fundo do poço.
Durante a leitura da narrativa pode-se perceber que as mulheres do Residencial ficam presas em um sistema de governo que inicialmente parecia existir para ajudá-las, mas que acaba por oprimi-las. Por exemplo quando Adah é obrigada a escolher entre estudar e trabalhar e decide pedir demissão no emprego, logo começa a receber uma espécie de auxílio financeiro governamental. Adah Percebe que aquele dinheiro dá apenas para as despesas da casa. Então vai em busca de um emprego de meio período e aceita um trabalho em que seu futuro chefe diz pagar 6 libras, mas segundo as regras do Residencial para continuar com o auxílio ela só pode aceitar 2 libras. Essa questão é novamente tratada quando Adah percebe que as mulheres do Residencial que são casadas, tem maridos que não trabalham, pois ao trabalhar perderam o auxílio e naquele lugar não há emprego que se ganhe mais que o auxílio. Obrigando assim alguns maridos a trabalharem de forma clandestina. Ainda Adah se via com cinco filhos que tinham suas necessidades individuais com um auxílio que mau dava para comer e se aquecer e um trabalho de meio período em que precisou implorar para ganhar menos do que valeria o emprego. Por trabalhar incansavelmente a protagonista chega a ficar doente e portanto desiste do trabalho e volta a miséria novamente, ou seja, não há futuro ali. Temos também a assistente Carol que é paga para mostrar ao moradores do Residencial seus direitos, mas que na verdade age como se estivesse fazendo caridade, pois sabe que precisa dessas famílias-problema para manter seu emprego. Algo que também chama a atenção na narrativa de "O Fundo do Poço" é a comparação que a protagonista faz entre o Residencial Pussy e os apartamentos novos, pois o primeiro mesmo sendo uma moradia de péssimas condições Adah tinha amigos com quem poderia contar, já neste último Adah se via só com seus filhos. Enfim, no decorrer da narrativa a protagonista se depara com pessoas que a julgam pela sua cor e pela sua nacionalidade.
A nigeriana Buchi Emecheta é autora de mais de 20 obras, entre elas No fundo do poço (1972), Cidadã de segunda classe (1974) e As alegrias da maternidade (1979), publicados pela Dublinense. Suas obras abordam temas como escravidão, independência feminina, maternidade e liberdade e é reconhecida pela crítica mundial. Buchi faleceu em janeiro de 2017 na Inglaterra.