As crônicas de Cunha e Silva Filho
Resenha do livro "As idéias no tempo" (crônicas, artigos, resenhas e ensaios), por Cunha e Silva Filho. Edição da Gráfica do Senado Federal em convênio com a Academia Piauiense de Letras (informações não creditadas no volume e fornecidas diretamente pelo autor), 2008. Prefácio de M. Paulo Nunes.
O Professor Francisco da Cunha e Silva Filho é conhecido escritor piauiense há muitos anos radicado no Rio de Janeiro e colaborador assíduo do Portal Entretextos, página da internet.
O volume em questão, composto da compilação de textos diversos, ressente-se da total ausência de informação na contra-capa e nas orelhas vazias e de problemas sérios de revisão, mas é de fácil leitura e divulga subsídios sobre a cultura da Piauí, pouco divulgada pelo sul e sudeste.
A primeira parte do livro compoe-se de memórias do autor, com destaque para a crônica de fevereiro de 1991, "Um ano sem Cunha e Silva". Antes de conhecer o filho eu nada sabia do pai, mas hoje eu sei que Cunha e Silva foi um escritor e jornalista do Piauí que deixou obra bastante extensa, porém dispersa em publicações diversas, só tendo produzido em termos de volumes publicados, duas teses e dois livros - estes, "A república dos mendigos" e "Copa e cozinha", além de uma obra então inédita, "Gatos de pelúcia". Sobre a atuação no jornalismo lemos: "É aqui que sua produção e seu exemplo de rara fecundidade avultam e fazem desse intelectual talvez um dos jornalistas brasileiros que mais escreveram de forma ininterrupta ao longo da vida. São mais de seis décadas de combate pela pena".
Louvo ao Professor Cunha e Silva Filho o zelo com que cuida da memória do ilustre pai.
Na segunda parte de sua obra, Cunha e Silva Filho apresenta resenhas de diversos títulos da literatura piauiense. Assis Brasil, O. G. Rego de Carvalho, A. Tito Filho e outros, sem faltar Cunha e Silva (pai), aparecem resenhados. São informações raras.
A terceira parte apresenta ensaios sobre outros autores: Graça Aranha, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade.
A quarta e última parte, chamada de "miscelânea", compõe-se de crônicas sobre diversos assuntos. A primeira, intitulada "Subúrbios do Rio", abre falando em Lima Barreto, que de fato, como o autor reconhece, foi um grande cronista da vida carioca suburbana. Porém estranho a referência a Vila Isabel como subúrbio. A crônica "Livros perdidos" despertou-me a nostalgia dos que eu próprio perdi e vez por outra, porém raramente, reencontro em sebos.
Cunha e Silva discorre também sobre alguns fatos notórios daqueles anos, como a queda do Muro de Berlim e a questão, então ainda presente, do "apharteid" na África do Sul.
Em suma, um livro de temas variados e atraentes.
Rio de Janeiro, 30 de abril a 16 de maio de 2018.
Resenha do livro "As idéias no tempo" (crônicas, artigos, resenhas e ensaios), por Cunha e Silva Filho. Edição da Gráfica do Senado Federal em convênio com a Academia Piauiense de Letras (informações não creditadas no volume e fornecidas diretamente pelo autor), 2008. Prefácio de M. Paulo Nunes.
O Professor Francisco da Cunha e Silva Filho é conhecido escritor piauiense há muitos anos radicado no Rio de Janeiro e colaborador assíduo do Portal Entretextos, página da internet.
O volume em questão, composto da compilação de textos diversos, ressente-se da total ausência de informação na contra-capa e nas orelhas vazias e de problemas sérios de revisão, mas é de fácil leitura e divulga subsídios sobre a cultura da Piauí, pouco divulgada pelo sul e sudeste.
A primeira parte do livro compoe-se de memórias do autor, com destaque para a crônica de fevereiro de 1991, "Um ano sem Cunha e Silva". Antes de conhecer o filho eu nada sabia do pai, mas hoje eu sei que Cunha e Silva foi um escritor e jornalista do Piauí que deixou obra bastante extensa, porém dispersa em publicações diversas, só tendo produzido em termos de volumes publicados, duas teses e dois livros - estes, "A república dos mendigos" e "Copa e cozinha", além de uma obra então inédita, "Gatos de pelúcia". Sobre a atuação no jornalismo lemos: "É aqui que sua produção e seu exemplo de rara fecundidade avultam e fazem desse intelectual talvez um dos jornalistas brasileiros que mais escreveram de forma ininterrupta ao longo da vida. São mais de seis décadas de combate pela pena".
Louvo ao Professor Cunha e Silva Filho o zelo com que cuida da memória do ilustre pai.
Na segunda parte de sua obra, Cunha e Silva Filho apresenta resenhas de diversos títulos da literatura piauiense. Assis Brasil, O. G. Rego de Carvalho, A. Tito Filho e outros, sem faltar Cunha e Silva (pai), aparecem resenhados. São informações raras.
A terceira parte apresenta ensaios sobre outros autores: Graça Aranha, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade.
A quarta e última parte, chamada de "miscelânea", compõe-se de crônicas sobre diversos assuntos. A primeira, intitulada "Subúrbios do Rio", abre falando em Lima Barreto, que de fato, como o autor reconhece, foi um grande cronista da vida carioca suburbana. Porém estranho a referência a Vila Isabel como subúrbio. A crônica "Livros perdidos" despertou-me a nostalgia dos que eu próprio perdi e vez por outra, porém raramente, reencontro em sebos.
Cunha e Silva discorre também sobre alguns fatos notórios daqueles anos, como a queda do Muro de Berlim e a questão, então ainda presente, do "apharteid" na África do Sul.
Em suma, um livro de temas variados e atraentes.
Rio de Janeiro, 30 de abril a 16 de maio de 2018.