AS DUAS GLOBALIZAÇÕES: Complexidade e Comunicação, Uma Pedagogia do Presente
O francês Edgar Morin graduou-se em História, Geografia e Direito. O pesquisador interdisciplinar publicou uma vasta obra, mais de trinta livros. Membro de várias instituições de pesquisa, como Centre National de Recherche Scientifique (CNRS), da França, Agência Européia para a Cultura e da Associação pelo Pensamento Complexo. Reconhecido por seus estudos mundialmente, já recebeu o título de Doutor Honoris Causa de várias universidades, inclusive da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Como sugere o título do livro As duas globalizações, uma publicação da Editora Sulina em 2002, Edgar Morin defende que não existe apenas uma globalização, e sim, duas interligadas e ao mesmo tempo diversas entre si. O autor exemplifica citando o desenvolvimento das comunicações. A comunicação se tornou instantânea de qualquer parte do globo. De pessoas com pessoas, de troca de informações e veiculação de notícias. Ou seja, há um intercâmbio de globalizações de pontos geográficos distantes. Entretanto, Morin alerta para não confundir comunicação e compreensão. Mesmo que estejamos na era da informação, o grande fluxo de informações traz como conseqüência, também a era da desinformação. O autor ressalta que estamos no planeta das comunicações, mas onde é escassa a compreensão; atualmente recebemos notícias de qualquer lado nesta era de desinformação, mas não basta apenas multiplicar o número de notícias e de veículos de comunicação social, é preciso ainda, a compreensão.
Para Morin o mundo cada vez mais se globaliza em um único, ao mesmo passo que se particulariza, como cortado em partes. Singular no sentido que cada parte do mundo cada vez mais integrante do mundo em sua globalidade, e este todo se encontra dentro de cada parte. A globalização se encontra no cotidiano de cada continente e país. Como um africano que toma um café brasileiro, veste uma roupa americana, assiste a uma novela mexicana, dirige um carro alemão e escuta música inglesa. E é nesta integração que acontece os efeitos negativos, como por exemplo, a aculturação. As pessoas se tornam meros objetos do mercado consumista mundial e juntamente sujeitos do Estado. Nesse fenômeno há a vontade de preservar a identidade ancestral dos pais e resistindo ao processo de homogeneização que vem dos países dominantes. Como modelo dessa resistência, encontramos a fundação do movimento tradicionalista gaúcho, idealizado por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa. Os mesmos partiram para uma pesquisa de campo, para recuperar traços da cultura popular local que ainda sobreviviam à invasão da cultura norte-americana, predominante após a Segunda Guerra Mundial. Esse efeito de voltar-se para o local é conseqüência do processo tecnológico e econômico que limita distâncias simbólicas, culturais e territoriais, neste fenômeno da globalização.
Um destaque importante do autor é que antes de globalizar, é preciso contextualizar. Sugere como a razão da raça humana ser incapaz de pensar o planeta na concepção em partes, e não do todo. Para Morin, a resposta está na reforma da educação, em desenvolver o mundo de conhecimento através da própria globalização.
Como em todas as áreas, no Jornalismo, a qualidade avança contra a lógica da quantidade e da rentabilidade. A pressa pela apuração, pelo furo, pela notícia fez no decorrer dos anos com que o Jornalismo se transformasse em superficial, instantâneo. Um Jornalismo que prima pela simplicidade, os textos curtos, a geração do lide e das frases de tamanho diminuto, ou seja, os discípulos dos manuais de redação. “Bom jornalista passou a ser mais aquele que consegue, em tempo hábil, dar conta das exigências de produção de notícias do que aquele que mais sabe ou que melhor escreve. Ele deve ser uma peça que funcione bem, “universal” , ou seja, acoplável a qualquer altura do sistema de produção de informações.” [1] E esta superficialidade se refletiu na perda de qualidade, no hoje chamado “showrnalismo”, notável na perda de leitores do jornal impresso, nas coberturas telejornalísticas pobres em conteúdo e desinformantes. Como crítica a esta lógica do lucro, surgem escolas como o chamado Jornalismo Literário. Principalmente para aqueles que acreditam que o futuro dos jornais e das revistas está na diferenciação pela qualidade (não só da informação e da análise, mas também do texto). “Marina Amaral não poupa críticas aos veículos da grande imprensa. Ela afirma que, antes, havia muito mais preocupação e capricho com o texto e a linguagem. Mas essas coisas se perderam. Hoje, usa-se sempre um texto curto e fácil, simplista. Muitas vezes recorre-se à “fórmula Veja”, que tanta trazer todas as informações sobre um determinado tema e encerrar o assunto. Com isso, você se torna impositivo, não questiona, e aí se cria uma única realidade possível. É por isso que a gente investe no sentido contrário, na reportagem e nos textos de autor”.[2]
Bibliografia
MARCONDES FILHO, Ciro. Comunicação e Jornalismo. A saga dos cães perdidos. São Paulo: Hacker Editores, 2002. [2] Pág. 36
PEREIRA FILHO, Francisco José Bicudo. Caros Amigos e o Jornalismo Literário [1] Artigo disponível em http://www.pluricom.com.br/forum.php?artigo=10
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