Teoria Social e Educação
Resumo dos capítulos 5 (Teoria Social e Mudança Social) e 6 (Pós-modernidade e Pós-modernismo), do livro História e Teoria Social, de Peter Burke (2012)
A obra “História e Teoria Social” (2012), do autor Peter Burke, tem como principal objetivo a discussão das aproximações e contribuições da teoria social para os historiadores, a utilidade da história para os teóricos sociais e as contribuições da história e da sociologia na produção do conhecimento do social.
O ponto alto dessa terceira edição da obra (a primeira edição é de 1937 e a segunda, de 2005) é a discussão pormenorizada sobre as possibilidades de usos historiográficos de vários conceitos que também fazem parte do universo teórico da Sociologia e da Ciência Política.
A obra é dividida em seis capítulos (as edições anteriores tinham apenas cinco capítulos), dos quais apresentamos um breve resumo dos capítulos 5, intitulado “Teoria Social e Mudança Social”; e 6, “Pós-modernidade e Pós-modernismo”.
No quinto capítulo, Burke aborda as teorias explicativas da mudança social e apresenta dois importantes modelos de interpretação dessas mudanças, fundamentados em Marx e Spencer. Faz uma descrição de cada um dos modelos, o contexto em que foram pensados, os principais postulados, os pontos fortes e as debilidades de cada um. Em seguida, finaliza essa parte defendendo a necessidade de uma “terceira via”, formada pela junção de conceitos provenientes dos modelos citados, porquanto há entre eles aspectos complementares e não contraditórios.
O autor esclarece que o objetivo deste capítulo é propor uma análise do processo de mudanças que ocorrem em determinadas sociedades. A partir daí Burke faz um percurso para delinear o que se caracteriza como mudança social, desde a perspectiva filosófica até chegar à análise de dois modelos atualmente em uso: o modelo de conflito (Marx) e o modelo de evolução (Spencer).
De acordo com o modelo de Spencer, as mudanças sociais se dão de forma gradual e cumulativa e o modelo de Marx está relacionado a uma sequência de sociedades que dependem de sistemas econômicos e apresentam conflitos internos.
Diante destes dois modelos, Burke reflete sobre a possibilidade de haver um terceiro modelo, que venha a sintetizar ambos. Embora sejam divergentes em diversos aspectos, eles também apresentam pontos que dialogam entre si.
O autor ainda afirma que nenhum modelo irá satisfazer os historiadores, tendo em vista o interesse dos mesmos pelas variedades e, então, apresenta seis monografias que tratam deste estudo.
O primeiro estudo que Burke destaca é o de Norbert Elias, que trata de determinados aspectos da vida social na Europa Ocidental, no fim da Idade Média, focando nas mudanças provocadas pelos novos costumes (do uso de lenço e do garfo), representantes de uma nova civilização.
O segundo estudo refere-se à obra de Foucault, “Vigiar e Punir”, que centraliza no período entre 1650 e 1800, na Europa Ocidental, e destaca as novas formas de castigo e punições, dando origem à chamada “sociedade disciplinar”.
O terceiro estudo é de Fernand Braudel, sobre o mundo mediterrâneo da era do rei Felipe II, da Espanha, cuja ideia central era a de que as mudanças históricas acontecem em ritmos diferentes.
O quarto estudo, de Emmanuel Le Roy Ladurie, diz respeito à análise de mais de dois séculos em uma região do Mediterrâneo, dando ênfase à geografia.
O quinto estudo refere-se ao historiador Nathan Wachtel, que tem como tema central “a crise provocada pela conquista”, com relação ao período compreendido entre 1530 e 1580.
E, por fim, o sexto estudo diz respeito ao antropólogo Marshall Sahlins, que tem como ponto de partida a chegada do Capitão Cook ao Havai, no ano de 1779.
Pós-Modernidade e Pós-Modernismo
No último capítulo (6), Peter Burke discorre acerca da pós-modernidade e do pós-modernismo, destacando que um dos efeitos mais visíveis desta conjuntura é o abandono dos estudos centrado em grandes estruturas, sejam elas econômicas, sociais, políticas ou culturais.
Ele destaca a força de pesquisas centradas no aspecto cultural, que atribuem um caráter ativo e não passivo à cultura e aponta os problemas dos estudos centrados no âmbito cultural. Cita, então, o reducionismo de muitos trabalhos e argumenta que seria mais útil ver “a relação entre cultura e sociedade em termos dialéticos e considerar que uma e outra são, às vezes ativas e passivas, determinantes e determinadas” (p.254).
BURKE, Peter. História e Teoria Social.
Tradução: Klauss Brandini Gerhardt, Roneide Venâncio Majer e Roberto Ferreira Leal.
São Paulo: Editora Unesp, 2012.