Por falar em Amazônia

POR FALAR EM AMAZÔNIA
Miguel Carqueija

Resenha do livro “A navegação na Amazônia”, por Ronald P. Carreteiro. Editora Calderaro Ltda., sem endereço (?), setembro de 1987. Capa: Roland Stevenson. Apresentação: Moacir Andrade. Prefácio: Professor Gilberto Mestrinho.

Volumoso ensaio (mais de 400 páginas) de cunho científico sobre a Amazônia e suas hidrovias. É valiosa fonte de consulta porém maçante em termos de leitura. O autor utiliza grande número de páginas em cálculos algébricos sobre a navegação em vários tipos de barcos fluviais, então é preciso conhecer um pouco de álgebra para entender essas passagens. Há também muita digressão sobre a parte econômica da navegação fluvial e lacustre pela Amazônia.
Há minuciosa descrição dos rios da maior bacia fluvial do mundo, seus trechos navegáveis, seus perigos, condições dos portos, as cidades, a extensão amazônica por outros países, os diversos tipos de embarcação, a exploração de petróleo etc.
Ronald Carreteiro desenvolveu um trabalho de muito fôlego e não deve ter sido fácil reunir tantos dados.
É estranho que o volume não traga nenhum endereço ou mesmo telefone da editora, mas creio que foi simples esquecimento.
Encontramos referência também aos desastres e naufrágios ocorridos no Amazonas e seus afluentes. E o autor apresenta um dado que para mim é novo. Ouvimos falar, é claro, de barcos que afundaram por excesso de peso, e automaticamente culpamos os proprietários. Carreteiro, porém, afirma ter conhecimento de casos onde os empregados da embarcação foram ameaçados a faca por elementos que queriam subir e assim não pôde ser evitado o excesso de peso, que muitas vezes pode levar o barco ao fundo.
Obra sem dúvida valiosa.

Rio de Janeiro, 16 e 17 de outubro de 2019.