TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: QUAL RELAÇÃO?
Skype, zoom, jitsi, google meet... Em tempos de pandemia COVID-19, a educação anda imersa com dispositivos de mediação tecnológica. A discussão tem alcançado paralelo talvez só com o ocorrido quando da eclosão da chamada Revolução da Tecnologia da Informação, expressão que deu título ao clássico trabalho de Castells. Mas, quais fundamentos devem nortear a relação entre tecnologias e educação? Esta indagação relaciona-se à outra que, de forma seminal, foi realçada por Michael Apple nos primórdios do debate sobre as novas tecnologias no contexto educativo. Apple produziu um trabalho cujo título foi O computador na educação: parte da solução ou parte do problema? Dando curso à esta perspectiva, em Portugal, foram produzidos trabalhos que, num cruzamento entre sociologia do trabalho e da educação, trataram do assunto sob o enfoque do que é considerado uma Sociologia da Educação Tecnologia, desenvolvendo abordagens alternativas aos discursos dominantes sobre o tema. É o caso dos livros aqui em realce: Sociologia da Educação Tecnológica (José Alberto Correia, Lisboa: Universidade Aberta) e Novas Tecnologias, Trabalho e Educação: Desorganizando o Consenso (Ivonaldo Leite, Lisboa: Edições Dinossauro).
Esses e outros trabalhos, em sintonia com referida indagação seminal de Apple, na presente conjuntura, voltam à ordem do dia como alternativas analíticas no sentido de fazer com que, em educação, se passe da tecnologia como um artefato-fim reificado a um dispositivo-meio de sociabilidade e indução cognitiva.