O folclore segundo Câmara Cascudo

O FOLCLORE SEGUNDO CÂMARA CASCUDO
Miguel Carqueija

Resenha de “Antologia do Folclore Brasileiro”, 1º volume, por Luis da Câmara Cascudo. Livraria Martins Editora, São Paulo-SP, sem data.
A rigor, além do prefácio e das notas, os textos apresentados não são do organizador Câmara Cascudo, eminente folclorista nacional. Ele pinçou muitos textos de autores brasileiros e estrangeiros desde o século 16 (o primeiro apresentado é o frade espanhol Gaspar de Carjaval) que tivessem relação com o nosso folclore, as nossas lendas e tradições. Ficou um trabalho muito bom, com suas superstições e bizarrices que às vezes fazem rir. O primeiro texto, porém, é o famoso relato do combate com as Amazonas (Icamiabas). Logo em seguida aparece Hans Staden, famoso náufrago que viveu entre os índios Tupinambás.
O livro é muito variado em seus assuntos. O gaúcho Pereira Coruja (1806-1889), por exemplo, discorre sobre apelidos que ele conheceu em Porto Alegre; parece que naquela época era mania nacional.
Entre os muitos apelidos ou, como diz no texto, alcunhas, encontramos aí “o bom e velho Manuel das Canas”, o Chico Fumaça, o Ressabiado, o Vicente Brabo e o Miguel Brabo (pai e filho), o Ceroulas, o Baroas, o Saca-rolha, o Boca-negra, a Iaiá Pombinha, o Trinca Queijos e vai por aí afora.
Há também muitas lendas indígenas. Frederich Hartt, canadense, conta a célebre fábula do jabuti e do veado (variante da tartaruga e da lebre). Em Couto de Magalhães temos a mesma lenda. Aliás o jabuti é recorrente nas lendas brasileiras, ele simboliza a esperteza que consegue ultrapassar os próprios limites.
Temos enfim um esforçado trabalho que merece respeito.

Rio de Janeiro, 1º de abril de 2020.


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