"Senhores do Sonho" ou o choque de culturas
SENHORES DO SONHO OU O CHOQUE DE CULTURAS
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Senhores do Sonho”, por Chad Oliver. Edições GRD, Ficção Científica GRD 17, Rio de Janeiro-RJ, 1964. Título do original norte-americano: “Uneorthly moghtloes”. Balantine Books, New York, 1960. Tradução de Erasmo Catauli Giacometti.
Uma história mortalmente séria escrita pelo antropólogo Chad Oliver, com um entrecho sólido, denso e em estilo de ficção científica clássica.
É fato que o cálculo futurista do autor, escrevendo ainda na década de 1950, hoje nos parece bastante falho. Em 1991 a humanidade não só realiza viagens interplanetárias como já supera a barreira relativística, o que possibilita ao protagonista, o também antropólogo Monte Stewart, chegar num planeta habitado no sistema solar de Sírius, afim de estudar uma raça humanoide que aparentemente não faz uso de qualquer tecnologia, mesmo as mais simples ferramentas ou até roupas.
Além da tripulação militar da nave espacial Monte vai acompanhado por alguns cientistas e esposas. Não há espaço para o protagonismo feminino na obra, algo comum na FC daquela época, quando apareciam muitos cientistas e mulheres que eram esposas de cientistas — e no entanto na vida real já existiam muitas mulheres cientistas.
O mistério dos Merdosi consiste em manterem organização social e, sendo embora humanos (de constituição muito diferente, braços compridos, simiescos) e até domesticando animais, não utilizam qualquer tecnologia. A diferença cultural e de mentalidade é tão grande que, apesar de todos os planos da expedição, Monte não consegue evitar o conflito.
Há uma bela mensagem no texto, a de que todos os seres humanos são irmãos e que a violência deve sempre ser evitada e que violência gera violência, sendo necessária muita coragem e altruísmo para consertar as coisas quando a belicosidade se instala. Mas atenção: não é um livro de fácil leitura, deve ser lido com paciência por ser meio maçante.
Rio de Janeiro, 29 de março de 2020.
SENHORES DO SONHO OU O CHOQUE DE CULTURAS
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Senhores do Sonho”, por Chad Oliver. Edições GRD, Ficção Científica GRD 17, Rio de Janeiro-RJ, 1964. Título do original norte-americano: “Uneorthly moghtloes”. Balantine Books, New York, 1960. Tradução de Erasmo Catauli Giacometti.
Uma história mortalmente séria escrita pelo antropólogo Chad Oliver, com um entrecho sólido, denso e em estilo de ficção científica clássica.
É fato que o cálculo futurista do autor, escrevendo ainda na década de 1950, hoje nos parece bastante falho. Em 1991 a humanidade não só realiza viagens interplanetárias como já supera a barreira relativística, o que possibilita ao protagonista, o também antropólogo Monte Stewart, chegar num planeta habitado no sistema solar de Sírius, afim de estudar uma raça humanoide que aparentemente não faz uso de qualquer tecnologia, mesmo as mais simples ferramentas ou até roupas.
Além da tripulação militar da nave espacial Monte vai acompanhado por alguns cientistas e esposas. Não há espaço para o protagonismo feminino na obra, algo comum na FC daquela época, quando apareciam muitos cientistas e mulheres que eram esposas de cientistas — e no entanto na vida real já existiam muitas mulheres cientistas.
O mistério dos Merdosi consiste em manterem organização social e, sendo embora humanos (de constituição muito diferente, braços compridos, simiescos) e até domesticando animais, não utilizam qualquer tecnologia. A diferença cultural e de mentalidade é tão grande que, apesar de todos os planos da expedição, Monte não consegue evitar o conflito.
Há uma bela mensagem no texto, a de que todos os seres humanos são irmãos e que a violência deve sempre ser evitada e que violência gera violência, sendo necessária muita coragem e altruísmo para consertar as coisas quando a belicosidade se instala. Mas atenção: não é um livro de fácil leitura, deve ser lido com paciência por ser meio maçante.
Rio de Janeiro, 29 de março de 2020.