O Xangô de Baker Street

Vê-se que nessa leitura Jô Soares ironiza bastante os costumes brasileiros, principalmente numa época em que nosso país não tinha ainda uma cultura própria e exacerbava na imitação dos costumes franceses.

Assim o tão qualificado detetive especializado na técnica dedutiva, Sherlock Holmes, é contaminado pelas vicissitudes dos trópicos e acaba por se distanciar muitas vezes das investigações para as quais foi chamado.

Dessa forma, temos pistas incompletas + um serial killer ousado + pouca atenção à assassinatos horrendos = crime não solucionado.

Uma história regada ao uso de entorpecentes, invenção da caipirinha, jantares e encontros frívolos, sexo no Passeio Público, um Dom Pedro II peidão, um Olavo Bilac que se esconde da polícia, uma pomba gira no Dr Watson e muitas outras hilaridades com certeza fazem qualquer um cair na gargalhada, apesar dos crimes horrendos cometidos pelo “violinista louco”.

Mas o objetivo dessa obra talvez não tenha sido focar no horror espalhado pelo assassino ou na pilhéria das atitudes inusitadas do detetive, mas sim na exagerada atenção e credibilidade que damos ao estrangeiro, nos afastando das maravilhas (e problemas) existentes em nossa terra.