Combater por Cristo

COMBATER POR CRISTO
Miguel Carqueija

Resenha do opúsculo “Vade-mecum” do combatente de Cristo”, por Thomaz Lodi. Edição particular do autor, 1971. Prefácio do Cônego Carlos Fernandes Dias, Pároco de Santa Rita de Cássia, Turiaçu, Rio de Janeiro-GB.
(Nota: até 1974 e desde 1960, a cidade do Rio de Janeiro pertencia ao Estado da Guanabara (GB) e não ao Estado do Rio de Janeiro (RJ); aliás era uma cidade-estado, após perder para Brasília a condição de Distrito Federal.)
Este verdadeiro manual de doutrina católica e valores cristãos foi publicado de forma artesanal através de uma gráfica que nem fez bom trabalho, com muitos erros de datilografia (que obrigaram Lodi a acrescentar uma errata) e uma forma de apostila ou revista — o próprio autor reclamou na errata.
O conteúdo, porém, é sensacional.
Lodi faz questão de afirmar o seu catolicismo desde o início. Dedica a obra à “Santíssima Mãe de Deus”. Apresenta também homenagens ao Papa Paulo VI, ao Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Sales, e, em termos póstumos, ao Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, antecessor de Dom Eugênio.
Lodi faz citações bíblicas e de textos papais e aborda a importantíssima mensagem de Fátima.
A situação do mundo e até do ambiente católico, naquela época, já podia ser considerada caótica, conforme por exemplo as palavras do Padre Paulo Bannwarth S.J. citadas por Lodi:
“... a confusão e a desordem penetram a Igreja. Mundanismo de cardeais e bispos, ignorância religiosa do povo, relaxamento dos cortumes nos sacerdotes, nos religiosos. A lei do celibato atacada e largamente transgredida. Os estudos eclesiásticos em franca decadência. A Bíblia interpretada a capricho, em parte rejeitada. O culto religioso desfigurado, a proliferação de superstições e sobretudo de bruxaria.”
Thomaz Lodi vai fundo na denúncia à infiltração na Igreja da heresia do progressismo. Ele não tem papas na língua sobre Lutero, “cuja doutrina se resume na rebelião à autoridade da Igreja (Papa e Concílios), no livre exame, na luxúria e libertinagem sem freios, é o neo papa dos católicos progressistas.”
(Nota minha: o termo “progressistas” é apenas o apelido que se dão os participantes dessas heresias, sem serem realmente progressistas, são retrógrados e obscurantistas.)
E cita algumas “pérolas” de Lutero, como esta:
“Se eu pudesse reunir numa casa todos os franciscanos, atear-lhes-ia fogo... Eia, ao fogo todos.”
Mais adiante Lodi refere-se à “teologia sem Deus”, classificando-a como “contra-senso”. Hoje chamamos esse descalabro “teologia da libertação”, marxista em sua origem. Lodi transcreve longos textos de João XXIII e de Paulo VI, além de Pio XII. Sempre textos muito bem escolhidos.
“A ordem moral não pode existir sem Deus. Separada d’Ele desintegra-se, pois o homem não consta só de matéria: é um ser espiritual, dotado de inteligência e liberdade.” — adverte sabiamente João XXIII na Encíclica Mater et Magister.
Reflitam agora nas corajosas palavras do próprio Lodi:
“Até quando continuaremos dormindo? O inimigo marcha velozmente pelo caminho mais curto, isto é, procura vencer-nos pelo enfraquecimento da nossa vontade de lutar, pela anulação de nossa resistência. Para tanto lança mão de diferentes métodos conforme as circunstâncias ou os tipos de batalha...”

Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2020.



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