Explorar é preciso! Viver? Nem tanto...

Admito, tenho uma compulsão por livros. Mas ler é o único vício que nunca vai te dar prejuízo nenhum. A perda monetária será acrescida em ganhos culturais e conhecimento, seja ele científico ou não. Às vezes, saciar uma curiosidade é mais do que suficiente para se ter minutos de prazer. O desconhecido é a coisa mais sedutora do mundo. Descobrir é um ato de coragem, mas também de busca pelo prazer.

Quando passei na livraria buscando uma light novel de volume único, e não a encontrei, senti um comichão nas mãos. Me recusei a voltar para casa de mãos vazias. Tinha colocado em mente que deveria me dar um presente na semana do meu aniversário. Quando já estava quase desistindo (devido aos preços e os mangás estarem em números muito adiantados para começar a colecionar), me deparei com Ultramarine Magmell.

Já tinha ouvido e lido sobre esse título em alguns blogs e sites como o Biblioteca Brasileira de Mangás e o Intoxianime, que são blogs que acompanho e recomendo para quem quer se manter informado sobre cultura otaku no país. Eu até tinha feito uma promessa de não comprar mangás estrangeiros e só ler material nacional, que diga-se de passagem, está num nível de qualidade excepcional ultimamente.

Se você nunca leu a Revista Action Hiken do Estúdio Armon, ou os seus compilados como Oxente, Hooligan, Sing, Tengu e Demons Hunter, você está perdendo muito. Assim como perde aqueles que não leem os mangás nacionais da Editora JBC, Editora Draco e Editora Jambô. Se fosse para citar todos os títulos que estão sendo publicados pelo Catarse, eu teria que fazer um artigo só sobre isso. É muita opção!

Mas o hype de Ultramarine Magmell tava tão alto que não resiste e comprei. Isso não é um pecado. O mangá é de origem chinesa, e se você acha que mangá e anime só existe no Japão e na Coreia do Sul, você está desatualizado. O mangá do sino Din Nianmiao foi publicado pela Fanfan Comic, é muito recente, conta só com 8 volumes, mas já possui um anime com 13 episódios, que já está disponível na Netflix.

Minhas impressões sobre o mangá são as melhores possíveis. Ele tem como inspiração mangás de exploração como HunterxHunter. Nesse tipo de obra, personagens saem pelo mundo explorando lugares, territórios perigosos e desconhecidos. Só que aqui a fórmula ganha um novo conceito: o de resgate. O protagonista, Inyo, não é um explorador, mas sim um angler, o responsável pelo resgate de exploradores.

Talvez tenha adiantado um pouco as coisas, mas não é tão difícil de entender. Há 35 anos atrás, um continente novo surgiu no oceano, seu nome, Magmell, a Terra Sagrada. O lugar é imenso, e tem toda uma riqueza de flora, fauna e minérios totalmente novos e com potenciais quase ilimitados. Além disso, eles têm habitantes nativos, que só dão as caras lá no fim do volume 1.

O Inyo trabalha numa empresa chamada Drift, e tem como assistente a Zero, uma menina supersimpática e inteligente. O volume tem como meta apresentar os protagonistas e um pouco do funcionamento desse novo mundo, inexplorado e perigoso ao extremo. Relação entre os protagonistas é muito boa. Eu achei acertada a decisão do autor de trabalhar com um núcleo pequeno e desenvolvê-los.

É um shonen, sim, mas com suas peculiaridades. Há temas adultos sendo tratados aqui. Há história do cliente que desejava resgatar o irmão em Magmell é mais do que emocionante, nos provoca muitas reflexões. O que acontece em Magmell é mais do que uma exploração, é uma colonização global onde empresas e Estados diversos estão lá por interesses próprios, mexendo em todo um ecossistema de forma predatória.

Como num mangá desse tipo, que privilegia a aventura e o mistério, a ação não ocorre desenfreada, ela tem um papel maior aqui. O título tem muita informação, mas devido ao contexto, elas acabam fazendo sentido e parte da trama, nada é jogado do nada, nem torna a leitura cansativa. O caracter design é muito legal, o cenário, o uso de texturas, e os monstros são bem desenhados. Se você gostar de easter eggs, se ligue nos quadros.

No começo, achei que a história seguiria uma fórmula padrão num cenário limitado, mas quando avançamos uns três capítulos, entendi que não havia limite de enredos possíveis aqui. Magmell é muito grande, e a quantidade de conflitos que podem surgir sobre e por ela é muito extenso. Os yerin foram uma ótima surpresa. As cenas de ação são frenéticas e surpreendem pela dinâmica.

Os protagonistas parecem possuir algum tipo de habilidade especial chamado Lacto, uma energia escura que se molda de diversas formas. Inyo e Zero são usuários dessa habilidade, os chamados Racters. O autor não explicou muito bem como ela surge, não tem nem sequer uma nota de rodapé traduzindo os termos que originalmente estão em inglês. O bom do mangá é que não temos os desnecessários pronomes japoneses!

Eu recomendo o mangá por ser curto, de qualidade e está sendo publicado pela Panini Editora. Só espero que a publicação seja regular e siga até o final com preço justo. O mangá custa R$ 22,90, não tem páginas coloridas, orelhas ou quaisquer páginas extras. O freetalk do autor está no verso da capa. O verso da contracapa tem uma ilustração exclusiva. De bom veio um marcador de página exclusivo. Leitura recomendada.

Acesse o link:

https://www.amazon.com.br/Ultramarine-Magmell-Vol-1-Nianmiao/dp/8542625390/ref=asc_df_8542625390/

https://loja.panini.com.br/panini/produto/Manga-Ultramarine-Magmell-1-52322.aspx?Site_txt=GOOGLE&Formato_txt=SHOPPING&Origem_txt=SHOPPING&gclid=EAIaIQobChMI6YPumanv5gIVkwuRCh2d5g2PEAQYASABEgKhIPD_BwE

Caliel Alves
Enviado por Caliel Alves em 27/01/2020
Código do texto: T6851896
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