As Aventuras de Pinóquio

COLLODI, Carlo. As Aventuras de Pinóquio. Clássico Universal. Volume 4. Tradução de Marina Colasanti. Companhia das Letrinhas: São Paulo,

Mentir é feio, todo mundo sabe. Outra coisa que todo mundo sabe é que mentira tem perna curta. Mas, quem é que nunca contou uma mentirinha, bem pequenininha? Além de ser feio e de ter perna curta, mentir também faz crescer o nariz! Pelo menos foi isso que aprendi quando criança, a partir da história das Aventuras de Pinóquio.

Pinóquio não era mais que um pequeno pedaço de madeira, dessas que usa para alimentar um fogão à lenha, ou virar algum objeto ou móvel. Quando chegou às mãos de Mestre Cereja, porém, seu destino mudou. Aquele pequeno pedacinho de pau que ia virar um pé de mesa acabou ganhando vida e virando gente, ou conforme era seu sonho: “um menino de verdade”.

Das mãos do Mestre Cereja, o pedaço de madeira passou para as mãos do velho Gepeto. Este senhor solitário tinha um desejo, “fabricar uma linda marionete” e, com ela “rodar o mundo, para conseguir um pedaço de pão e um copo de vinho.” A partir disso, Gepeto vai além de construir um simples fantoche. Ele dá vida a Pinóquio, o boneco de madeira, que a partir desse momento se tornará seu filho e companheirinho.

Quem permite que Pinóquio deixe de ser uma marionete inanimada será a Fada Azul, que ainda fornecerá ao boneco um companheiro de aventuras, o Grilo Falante. Este cumprirá um papel formidável e fundamental ao futuro “menino”, será sua consciência.

Voltando ao início do texto, seguindo o assunto da mentira, sabemos que o bom mentiroso – ou seria o mentiroso mau? – não tem crises de consciência. Diferente de Pinóquio, que sempre que for contar uma mentira no curso de suas aventuras, será confrontado pela sua consciência, o Grilo Falante e com o abrupto crescimento de seu nariz. Fato este que expõe suas falsas histórias. E dessa forma o boneco de madeira vai se tornando um ser humano, com seus dilemas morais. Sempre sofrendo com as conseqüências de suas escolhas. Enfrentando a dificuldade de ser gente. Além do seu pai Gepeto, outras personagens compõem o círculo social de Pinóquio, a Fada Azul, o Grilo Falante, a Raposa, o Gato, entre outros.

A história das Aventuras de Pinóquio foi escrita pelo florentino Carlo Collodi – jornalista, crítico musical e dramaturgo – nascido na Itália, em 1826, e morto em 1890. Com um apelo moral permanente tornou-se um clássico da literatura infantil. Desde 1883, quando saiu em livro pela primeira vez, a obra ganhou inúmeras versões e releituras. Merece ser lida, pois em sua singeleza e simplicidade aborda temas universais e atuais com beleza e sensibilidade profundas.