O Método Pedagógico dos Jesuítas (Ratio Studiorum) - do Padre Leonel Franca, S.J. - Editora Agir
A má fama dos jesuítas, injustificada, é produto de uma época inimiga figadal da arte superior, da moral, da distinção clara de valores, e amiga fraternal do relativismo, da negligência, da desídia, da indisciplina, da desordem, do niilismo, do caos, da mentalidade revolucionária e anárquica.
Os inimigos da Companhia de Jesus, e da Igreja, disseminaram dos jesuítas a reputação de homens brutos no trato com os povos que contataram. É esta uma idéia fora da realidade - no Brasil, ninguém desconhece o nome de José de Anchieta, cuja biografia foi enodoada por estudiosos desonestos a serviço dos inimigos da Igreja, e cuja obra junto aos silvícolas brasileiros, povos pré-cabralinos, é valiosa, inestimável, vindo Anchieta a estudar o idioma tupi e a verter para tal idioma a Bíblia, e a catequizar os povos com os quais manteve contato, mas o propósito de sua obra recebeu tratamento injusto dos inimigos da Igreja. Devido à imerecida má fama dos jesuítas - estes, apenas mencionados, despertam ódio visceral, irracional, em quem lhes ouve o nome, e, não raro, reação intempestiva, violenta, inclusive de gente que se tem na conta de culta, respeitosa, tolerante, desprovida de preconceitos e amiga da Igreja -, devido à imerecida má fama dos jesuítas, prossigo, ninguém ousa dedicar-se ao estudo dos atos da Companhia de Jesus, ao da biografia do maior de seus heróis, Inácio de Loyola, e ao das de outros jesuítas, menores, e mesmo assim de elevada estatura moral, e ao da influência do pensamento dos jesuítas na formação da cultura ocidental - preferem muitos dar ouvidos aos inimigos da Companhia de Jesus e adotarem como verdadeiras todas as difamações e calúnias que eles contra ela arremessam do que dar voz à razão e revelar boa-vontade em conhecer-lhe a história, a verdadeira história.
O livro do padre Leonel Franca auxilia a pessoa interessada na valiosa obra dos jesuítas a saber o que eles promoveram em seus colégios, com o seu método pedagógico, o Ratio Studiorum, uma obra de valor inestimável.
Privilegiam os jesuítas, em sua pedagogia, o amor à linguagem correta, usada com esmero, obtendo-a os alunos com a leitura dos clássicos gregos e latinos, e o bom falar, que os alunos adquirem com exercícios de retórica.
São exercícios literários dos alunos, no processo de aprendizagem do bom uso do idioma, da expressão clara, límpida, traduzir os clássicos gregos e latinos para o idioma vernáculo nacional e retraduzir a tradução em vernáculo para o idioma original; e copiar as obras gregas e latinas; e redigir textos imitando-lhes o estilo.
Compreendem os jesuítas o valor da emulação entre os alunos, emulação saudável, que visa o aprimoramento contínuo, assim a todos beneficiando com a elevação do padrão cultural; e o da memorização; e o do rigor da obediência,
Ao contrário do que reza a lenda, não são os jesuítas brutos, desumanos, homens de coração de pedra; na sua pedagogia, os jesuítas contemplam o castigo corporal, mas como último recurso, esgotados todos os outros. Primam os jesuítas pela compreensão, espirituosidade, paciência e inspiração. Sabem que é essencial, na formação da pessoa, o engrandecimento da alma; só assim se forma, acreditam, o homem pleno, de espírito íntegro, uma fortaleza moral.
Têm os professores dos colégios jesuítas boa cultura literária e ótima formação filosófica.
A formação dos saídos dos colégios jesuítas é primorosa. Nomes respeitáveis da literatura e da filosofia universais foram educados pelos jesuítas. Para ilustrar tal afirmação, menciono alguns de merecida fama universal: Cervantes, Lope de Vega, padre Antonio Vieira, Molière, Bossuet, Goldoni; e os brasileiros Cláudio Manuel da Costa e Rocha Pita.
É inestimável a contribuição dos jesuítas para a cultura universal. Infelizmente a obra deles é desconhecida do público, que lhes tem horror, não porque os conhece, mas por, desconhecendo-os, forma, deles, uma imagem repulsiva, considerando, não a obra deles, mas a propaganda difamatória, caluniosa, financiada pelos inimigos da igreja, propaganda que lhes emprestam a figura dos seres mais iníquos da história universal.