Moby Dick, de Herman Melville
Ao terminar de ler Moby Dick, me perguntei o que levaria uma pessoa a ler tal livro. Gosto de apostar todas as minhas fichas no fator curiosidade (e algumas poucas no fator trabalho de escola/faculdade). De fato, a obra de Herman Melville pode nos oferecer a agradável leitura de uma trama bem incomum, além de um prato cheio para aqueles que apreciam a atmosfera náutica e uma boa história de vingança.
Começamos o livro conhecendo Ismael, um aventureiro que em meio a falta de dinheiro e a monotonia cotidiana, decide seguir um novo rumo, dessa vez, dedicando-se à perigosa tarefa de caçar baleias. Ao se hospedar em uma taverna, acaba dividindo o quarto com um estranho selvagem chamado Queequeg, arpoador e príncipe de uma tribo da ilha de Kokovoko (e de longe um dos personagens mais carismáticos do livro). Juntos os dois conseguem entrar para a tripulação do Pequod composta por Starbuck (sem nenhuma relação com a franquia de cafeterias), Stubb, Flask, Daggoo, Tashtego e outros marinheiros, sob as ordens do famigerado capitão Ahab.
A trama do livro é bem objetiva e se desenvolve bem em duas funções: a primeira consiste em um retrato e relato bem preciso sobre a caça das baleias e o cotidiano das pessoas envolvidas naquela atividade. Seus sonhos, aspirações, personalidades e o modo como ficam à vontade enquanto navegam em alto mar. A segunda parte consiste na exploração do conflito principal do livro: o tão sonhado (e por vezes insano) desejo de vingança do capitão Ahab pela criatura que o atacou e arrancou sua perna, uma cachalote branca, cuja fúria lhe consagrou um status de demônio marinho responsáveis por várias mortes e outras catástrofes para aqueles que tentaram capturá-la: a temida Moby Dick.
Por mais que sou nome seja o título do livro, Moby Dick só aparece nos capítulos finais. Até então, tudo o que se tem ao seu respeito são as histórias de avistamentos e ataques relatados por outros baleeiros que vão se encontrando com o Pequod. Durante o decorrer do enredo, podemos ser facilmente seduzidos em também odiar e caçar a cachalote, mediante o discurso de Ahab, que consegue convencer sua tripulação a também querer a morte do animal. Quando temido primeiro e segundo encontro acontece, podemos ter ideia de toda a fúria e poder de Moby Dick, que por pouco não estraçalha seus caçadores (Fedallah, o arpoador do capitão Ahab não compartilhou dessa sorte). Por fim, a baleia branca sai vitoriosa, levando consigo toda a tripulação do Pequod, com a exceção de Ismael, que nos relata a história. Ao final de tudo, Ismael manifesta seu distante desejo de encontrar alguém como a mesma coragem e ousadia do Capitão Ahab, para que possa ir atrás de Moby Dick novamente e assim vingar seu falecido amigo Queequeg.
Pessoalmente Moby Dick foi um livro importante pra mim, muito embora a leitura dele tenha sido acompanhada do hiato de três longos meses em que tive que concluir minha monografia. É perfeitamente justificável que sua obra se encaixe no seleto grupo dos clássicos da Literatura Mundial. É um livro mágico e de leitura altamente recomendável, mas também é um livro bem peculiar que pode não agradar todo mundo. Apenas leia-o com o coração aberto e garanto que será uma ótima experiência...
Referência do Livro:
MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução e Adaptação de Carlos Heitor Cony. – 2.ed. – Rio de Janeiro: Singular, 2013. 186.p