Introdução à história da filosofia de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, traduzido por Antônio Pinto de Carvalho

Este texto foi produzido como tarefa de análise do texto Introdução à história da filosofia de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, traduzido por Antônio Pinto de Carvalho. Unila - Universidade Federal de Integração da América Latina, Filosofia 1o. semestre - Disciplina: Leitura e escrita filosófica.

O texto de Hegel trata da concepção da história da filosofia, sua importância e limitações, também de métodos e premissas para o seu estudo, que resultem favoravelmente no produto; pensamento racional científico, filosófico, a própria filosofia. Contém também advertências sobre o destino dos pensamentos filosóficos frente a novos pensamentos que surgem, por vezes contrapondo os primeiros; porém uma vez estabelecido, conhecido, encontrado um pensamento filosófico, este não perece, serve de sustentação aos posteriores, emaranham-se de tal maneira que se tornam uno.
O conhecimento profundo deste texto de Hegel orientará aos pretendentes filósofos nos processos de: escolha dos objetos e seus caminhos filosóficos para estudos, argumentação e justificação aos estudos filosóficos, por sinal cercados de críticos de toda sorte em todos os tempos da humanidade.

Introdução à História da Filosofia

A história da filosofia embora dê a conhecer os filósofos existentes desde os primórdios tempos, o que a leigos e letrados causa interesse, o objetivo deste texto de Hegel é ilustrar o nexo central da história da filosofia que liga os tempos passado e presente, a história do pensamento racional, da busca da verdade pelo homem, a busca e as ideias que o cercam sobre a essência das coisas, do próprio homem, de Deus e da natureza.

Posto que a existência de um indivíduo é curta comparada a da humanidade, embora a história da filosofia possa apresentar predicados e adjetivos da vida de um filósofo, tais dados não compõem herança filosófica, mas sim seus pensamentos racionais que concluídos por um sistema científico entram ao compêndio da história da filosofia. Quanto mais distante o caráter e particularidades individuais do filósofo estiverem do seu pensamento, melhor será o produto deste pensar.

A história da filosofia forma um elo sagrado, transmitindo tudo que a humanidade criou até hoje, segundo Herder. E mesmo nesta concepção, não é tradicional e nem imutável, é viva, orgânica, recebe novas contribuições que a engrandece.

É a história do espírito universal representado pelo conhecimento racional.

A função de nossa época filosófica é se apropriar de tudo quanto foi gerado pelo conhecimento racional e a este conceber novos conhecimentos racionais, enriquecendo-o.

Se nos propomos fazer a história do pensamento, esta só estará feita à medida que causar o produto pensamento. Desta feita, ele é objeto e resultado, e quando encontrado torna-se real.

No estudo da história da filosofia nos deparamos com elementos produzidos pelo pensamento, portanto análogos à filosofia, como religião, política, como então saber colher os pensamentos racionais filosóficos, distinguindo-os dos demais? É exigência do espírito filosófico elucidar a representação do escopo, a finalidade de seus elementos, a fim de definir o que merecerá ser objeto do estudo para a história da filosofia. Não há a finalidade de conhecer os fatos que se sucedem, mas sim, compreendê-los. Hegel exemplifica comparando à audição de uma orquestra, na qual ouvir individualmente cada instrumento não dá a dimensão correta se não se atentar à harmonia.

O estudo racional da história da filosofia transforma-se na própria ciência filosófica. E embora seja história, como sua finalidade registra verdades e não opiniões, ela não passa, pois a verdade não passa também, não é datada.

Esta busca pela verdade é um dos elementos que tornam a filosofia objeto de chacota e descrédito, desde o sempre. Tal palavra incita os homens a debocharem, como exemplificou Hegel na passagem em que Cristo diz a Pilatos ter vindo ao mundo para dar testemunho da verdade. Esta busca pela verdade também dá sustentação a argumentos sobre a inutilidade da filosofia, visto que há a crença que a verdade absoluta não se pode conhecer. Aqui coloco frases as quais caberão mais pesquisas e estudos filosóficos, no momento apenas questões não reflexionadas a respeito da verdade: A quem interessaria achar a verdade? A quem esta não interessaria? Há temeridade no homem em achar a verdade? Dada a esta temeridade, o homem não a busca com seus melhores esforços?

Não obstante a esses elementos nocivos, há quem opte por se ocupar da História da Filosofia, buscando a verdade. Mesmo sendo um trabalho árduo de escolhas entre caminhos bastante diversificados, sistemas filosóficos divergentes e ainda sabendo-se que grandes pensadores erraram aqui, ali, ou foram ultrapassados por seus sucessores. Então, como um simples iniciante poderia criar a coragem de decidir seu caminho de estudos? Ou a um filósofo que empreendeu seus maiores esforços manter o ânimo diante da consciência de que será posteriormente refutado? Esta é a dinâmica da filosofia, seu movimento não compreende a diversidade de pensamentos como certos e errados, excluindo conceitos e sistemas, pois todos elementos que a compõem têm a propriedade de poderem ser cognoscíveis. Então uma visão direcionada ao seu caminho presente com disposição para analisar elementos sem pré-julgamentos de certo e errado pode ajudar a abster o filósofo de suas vaidades e preocupações com o que há devir.

Parte do trabalho do filósofo, como Hegel explica, é dar desenvolvimento ao pensamento, a ideia, de forma a torná-la concreta.

O desenvolvimento do pensamento filosófico não deve perder-se de sua forma original, pelo contrário, deve percorrer todos os caminhos para voltar ao princípio. Como uma semente, que em si carrega todos os atributos para tornar-se planta e assim o faz. E na sucessão floresce, dá frutos, os quais contém a mesma semente, como se nunca tivesse passado por tantos estágios.

Sobre o concreto, embora o filosofar seja a atividade de pensamentos que em si são abstratos, e também percorra caminhos inclusive de generalidades, não é este o seu fim. Seu resultado deve ser uma ideia concreta, derivada de sistema filosófico, não resultante do intelecto, nem próxima de balofas, termo textual usado por Hegel.

Se fôssemos representar graficamente o desenvolvimento do pensamento concreto, não o teríamos em uma linha reta com direção ao infinito abstrato, mas sim, um círculo com inúmeros círculos a sua volta, em vários processos de desenvolvimento, girando em si mesmos.

Sendo a filosofia um sistema de desenvolvimento, a História da filosofia também o é. Vários aspectos para um melhor entendimento do sistema são contidos nos estudos de Lógica, os quais não constam deste texto de Hegel. Mas para exemplificar e reconhecidamente de forma simplista, tendo o filósofo o conceito do objeto que se propôs observar, no desenvolvimento da ideia as manifestações veem para verdadeiramente fazê-lo compreender, e deste compreendimento resulta o pensamento concreto, filosófico.

Este pensamento concreto é coeso a todo o movimento do pensamento desde o princípio, documentado pela História da Filosofia. Por várias vezes Hegel denomina este pensamento como Espírito pensante, onde domina a razão. E que este através do desenvolvimento quebra-se, desdobra-se, abraça o novo e mantem-se uno e central a si mesmo.

Um cuidado recomendado por Hegel é não cometer anacronismo, embora nesta tradução esta palavra não figure. Porém Hegel diz para se ter o devido cuidado ao estudar um filósofo e dele só tirar e interpretar os elementos que existem no tempo e lugar onde este realizou seu trabalho. Também fala de espíritos que buscam pensamentos filosóficos sobre a natureza da liberdade, origem do mal, dos pecados, mas vão buscar nos trabalhos de filósofos que não tinham estes contextos em seus pensamentos na época que viveram, portanto, tal busca resulta em frustração. E ainda comenta, os que tratando de forma bem feita de temas intrínsecos à modernidade os vincula a filosofias criadas por Platão, por exemplo, o qual nem tinha a existência do contexto, sequer a denominação da palavra vivida nos tempos que fez sua filosofia. A esta última problemática exposta, dos filósofos que trabalham bem filosoficamente, mas tentam se calçar de reconhecidos filósofos antigos, Hegel diz que pode ser devido a uma modéstia exacerbada.

Tomando por exemplo, a liberdade do homem individualmente, Hegel diz que só a partir de Jesus Cristo, é tomado que Deus quer todos os homens salvos e que todos são iguais perante Deus. E pela doutrina depois criada, todos são livres através do cristianismo.

Este princípio marca um início de progresso. A ideia do conceito fundamental de o homem ser um ser livre vem dos mais antigos princípios da humanidade, pelo qual os homens morreram e mataram, portanto a consciência é antiga, porém o progresso não.

Conclusão

O texto Introdução à História da Filosofia de Hegel é fundamental para situar o aluno de filosofia no mundo a que está adentrando. Já o preparara para as dificuldades, alerta para os erros mais comuns, enfim ajuda a lobrigar tão vasto material a ser pesquisado. Dá a saber, que mesmo um trabalho honesto com a verdade, que talvez até traga resultados de compreensão aos do seu tempo, mais dia menos dia será refutado, não aceito, criticado. Ao final, além de exemplificar muito bem o caso da problemática filosófica liberdade individual do homem, mostra que o último progresso efetivo de pensamento sobre o tema foi nos primórdios do cristianismo, dando a perfeita dimensão de quão imenso é o tempo necessário para que uma verdade nova surja na humanidade, ainda ponderando que nem todos a tem ou retém.

É uma orientação inicial aos estudos de filosofia que marcará para sempre a conduta dos seres dispostos a dedicar-se a ela, parafraseando Platão (427 a 347 a.C.).