Beleza Americana (American Beauty) 1999 Resenha

O início do filme ocorre com um dos protagonistas, Lester Burnham, interpretado por Kevin Spacey falando um pouco de sua vida. O filme quebra um dos tabus do cinema quando na primeira cena, ele conta sobre o final do filme. O que pode parecer precoce, se torna misterioso e genial por de um belo roteiro que consegue deixar o término da história surpreendente.

Kevin Spacey interpreta um cidadão completamente infeliz em todos os sentidos: seu casamento é uma droga, seu trabalho também e sua filha Jane Burnham (Thora Birch) o odeia. Ele vive um momento em que a melhor parte do seu dia é quando se masturba no chuveiro e depois disso, “só piora”.

O mais interessante do filme é o contraste de personalidade de cada personagem dessa história, isso é feito para mostrar que o padrão perfeccionista que a sociedade americana tenta cultivar nem sempre é sinônimo de felicidade e realização pessoal. Acho que é aqui que está o sucesso do longa.

A esposa de Lester, Carolyn (Anete Bening) coloca o sucesso profissional acima de tudo. Como vê o seu marido como um fracassado, acaba se envolvendo com um mega-empresário do ramo imobiliário.

Jane, a filha, está totalmente sem perspectiva quanto ao seu futuro. Ela é a típica “aborrecente” e acaba por desvalorizar seu corpo e sonhar com uma operação plástica ao ver o falso sucesso de sua melhor amiga Angela Hayes (interpretada pela Mena Suvari). Angela é o padrão perfeccionista do qual eu já falei antes, uma menina linda, que diz transar com vários caras, ter uma bela carreira como modelo no futuro, mas que no fundo é uma menina vazia e solitária.

Ricky Fitts (Wei Bastley), o novo vizinho da família, é um traficante de drogas e filho de um ex-fuzileiro naval, o durão Colonel Fitts (Chris Cooper). Fitts tem que driblar seu pai a fim de vender sua erva com o intuito de comprar suas fitas para fazer filmagens caseiras.

Lester, cansado de fingir a “boa aparência” proposta por sua mulher em um evento de negócios, aceita o convite do garçom Ricky para fumar um baseado fora do local. Quando o chefe do garoto aparece:

– Ouça, eu não estou te pagando para fazer o que está fazendo aí.

– Ótimo, então não me pague.

Essa atitude de confronto com uma autoridade mudou a forma de Lester pensar e agir. “Acho que acaba de se tornar meu herói” disse ele. E a partir de agora, torna-se uma pessoa que quer aproveitar a vida e ser feliz. Do tipo que fuma um baseado, larga o emprego que tanto o faz mal, compra o carro dos seus sonhos e começa a malhar para conseguir transar com Angela – o centro de suas atenções desde o primeiro dia que a viu. Essa é a atitude que fez o cinquentão voltar a sorrir.

Uma das grandes metáforas do filme está no nome e em algumas das principais cenas. “American Beauty” é o nome de um tipo de rosa cultivada nos Estados Unidos que não possui espinhos ou cheiro, ou seja, uma alusão ao vazio do americano comum ou que tenta parecer o que não é.

Essas são apenas algumas características desse incrível filme que você precisa assistir, um dos melhores dos anos 90 na minha opinião, ficando ao lado de De Olhos bem Fechados, Um Sonho de Liberdade, Pulp Fiction, Clube da Luta, O Silêncio dos Inocentes, A Lista de Schindler, Forrest Gump, entre alguns outros.

Beleza Americana foi o filme de estreia do diretor Sam Mendes que conseguiu, de uma forma muito meticulosa, trazer a velha questão: o que é que realmente vale a pena? O que faz sentido? O que é certo e o que é errado? Fica aí uma bela dica para quem ainda não assistiu. Esse foi um dos filmes mais assistidos do seu ano nos cinemas além de levar 5 estatuetas do Oscar no ano seguinte: “Melhor filme”, “Melhor diretor”, “Melhor ator”, “Melhor fotografia” e “Melhor roteiro original”.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 07/09/2019
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