O vilão era o hotel (O iluminado, Stephen King)

O VILÃO ERA O HOTEL
Miguel Carqueija

Resenha do romance “O iluminado”, de Stephen King. Editora Objetiva, Rio de Janeiro-RJ, 2001. Título original norte-americano: The shining. Capa: Pós Imagem Design. Tradução: Betty Ramos Albuquerque.

A adaptação cinematográfica de Stanley Kubrick (Inglaterra, 1980), com Jack Nicholson no papel de Jack Torrance, é uma obra-prima, mas dizem que King não gostou e produziu sua própria versão, que não conheço.
Realmente há diferenças importantes. No livro Halloran não morre e é um dos heróis da história; Danny é mais importante (afinal ele é o iluminado do título) e o elemento sobrenatural é mais pronunciado. Mesmo assim o filme de Kubrick é superior, pois King se ressente de sua tendência à contracultura. Linguagem chula, detalhes sórdidos, isso não falta no livro e Kubrick depurou essas coisas.
O romance é sim instigante. O escritor medíocre e mal sucedido, de casamento problemático, Jack Torrance, que tenta se recuperar do alcoolismo, aceita o emprego temporário de tomar conta do Hotel Overlook durante o inverno, quando ele fica fechado por estar situado em região extremamente fria. Ele vai lá com a esposa Wendy e o filho Danny, de cinco anos — um menino que vê, percebe coisas.
Os fantasmas que habitam Overlook — local onde ocorreram muitos crimes — logo ambicionam os poderes do garoto e se apossam do desequilibrado Jack para levá-lo a matar a família, e assim Danny, com seus poderes, seria acrescentado ao elenco fantasmagórico. Mas Danny percebe o que está acontecendo. Começa então a luta aparentemente desigual mas, conforme o saboroso comentário da contra-capa, “nesta guerra sem testemunhas, vencerá o mais forte”.

Rio de Janeiro, 8 a 16 de junho de 2017.