A astronave de Van Vogt

A ASTRONAVE DE VAN VOGT
Miguel Carqueija

Resenha do romance “A astronave pirata” de A.E. Van Vogt. Editora Livros do Brasil, Lisboa-Portugal, sem data. Coleção Argonauta 114. Título original: “Rogue ship”. Capa: Lima de Freitas.

Romance escrito com mão muito pesada, por este célebre autor canadense que não tem muita sutileza. A gente cansa facilmente da história, se bem que nos capítulos finais ela ganhe um pouco mais de interesse.
A nave “Esperança do Homem” é lançada da Terra para atingir outros sistemas solares, ela é imensa e dotada de numerosa tripulação.Após algum tempo vão sucedendo dramas intermináveis que atravessam gerações. Crimes, conspirações, ausência de direitos humanos, de garantias legais. A dinastia Lesbee vai se perpetuando no poder até ser derrubada.
O livro é um desfile cansativo de mesquinharias, de disputa pelo poder a qualquer custo, de arbitrariedades e, ainda por cima, o estabelecimento de machismo a bordo, com as mulheres sendo tratadas como seres inferiores e se submetendo a não ter qualquer voz ativa. Pior, pratica-se a poligamia. Ninguém é confiável e o ambiente é sufocante.
A situação só muda mesmo quando surge o improvável herói, Hewitt, o empresário que bancou a expedição e se surpreende com o retorno da “Esperança do Homem”. O efeito relativista fez com que toda a tripulação original já houvesse morrido e Hewitt, ao compreender o que havia ocorrido, tem que agir à altura da situação para enfrentar o ditador de plantão.
Pode ser que haja quem goste desse romance macarrônico, mas para mim é uma obra assaz indigesta.

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2019.