O mais belo mistério do mundo
O MAIS BELO MISTÉRIO DO MUNDO
Miguel Carqueija
Resenha do livro “O mistério da Ceia”, por Raniero Cantalamessa. Editora Santuário, Aparecida-SP, 1993. Tradução: Padre Orlando Gambi, C.Ss.R. Capa: afresco, Catacumba de São Calixto.
É uma pena neste livro de bolso bem apresentado a ausência de informação sobre o autor, que é pregador oficial do Vaticano. Mas aqui podemos fazer uma saborosa viagem pela teologia da Eucaristia, o sacramento central da vida cristã. Com linguagem profundamente católica — e sabemos por experiência própria o quanto é doce e consoladora a linguagem da Mãe e Mestra — a Igreja Católica — o Padre Cantalamessa vai expondo as sutilezas doutrinais em torno do maravilhoso legado que Jesus nos deixou: seu corpo e sangue em forma sacramental e incruenta, sim, mas real e não simbólica. O aspecto teândrico da Comunhão é por ele lembrado:
“Graças à Eucaristia nós nos tornamos, misteriosamente, contemporâneos do acontecimento. O acontecimento se faz presente a nós, e nós a ele.”
O que isto quer dizer? Que Jesus, sendo o Homem-Deus, transcende ao tempo e o seu sacrifício na Cruz é perpétuado e atualizado (não apenas representado) em cada Missa, na hora da Consagração. Não quer dizer — como parece que pensam alguns irmãos protestantes — que os católicos tenham a veleidade de “crucificar de novo a Jesus Cristo” (e para eles isto seria uma blasfêmia dos católicos) mas que o sacrifício de Cristo na Cruz, sendo único, se faz presente de forma mística através dos séculos, cada vez que uma missa é celebrada.
Cantalamessa lembra a necessidade de meditar, contemplar a maravilha que o Cristo nos proporciona sem que sequer o mereçamos:
“A vida divina que recebemos nos sacramentos só depois de ter-se assimilado na contemplação é que poderá exprimir-se concretamente nas ações, isto é, no exercício das virtudes, e em primeiro lugar, da caridade.”
Isto quer dizer que não se deve receber a Santa Eucaristia mecanicamente, como se fosse um simples gesto ritual e não um sacramento, a sublime recepção do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. Receber a hóstia e, por vezes, o vinho consagrado, sem elevar o espírito e sem transformar a devoção em boas obras (como tratar a todos da melhor forma possível) resultaria inútil.
Cantalamessa lembra ainda que o sacerdócio é serviço divino:
“Há algo ainda que é bom dizer a propósito do serviço pastoral, isto é, dos pastores, e é o seguinte: o serviço aos irmãos, embora importante e santo, não é o primordial nem o essencial; o mais importante é o serviço de Deus. Antes de tudo, Jesus é o “Servo de Javé” e depois é que ele é também o servo dos homens.”
Proposição sábia, sabemos que o mundo moderno tenta os cristãos, notadamente os clérigos, a desenvolverem uma atividade pastoral quase materialista, concentrada em obras sociais mas esquecendo a espiritualidade. Ora, o sacerdote ama as pessoas porque ama antes de tudo a Deus. E é Deus quem infunde em nossos corações a bondade que nos porá a serviço dos irmãos. Sem isso a vida religiosa termina sendo estéril.
Um grande e belo livro com menos de 130 páginas, para ser lido e guardado com carinho.
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2019.
O MAIS BELO MISTÉRIO DO MUNDO
Miguel Carqueija
Resenha do livro “O mistério da Ceia”, por Raniero Cantalamessa. Editora Santuário, Aparecida-SP, 1993. Tradução: Padre Orlando Gambi, C.Ss.R. Capa: afresco, Catacumba de São Calixto.
É uma pena neste livro de bolso bem apresentado a ausência de informação sobre o autor, que é pregador oficial do Vaticano. Mas aqui podemos fazer uma saborosa viagem pela teologia da Eucaristia, o sacramento central da vida cristã. Com linguagem profundamente católica — e sabemos por experiência própria o quanto é doce e consoladora a linguagem da Mãe e Mestra — a Igreja Católica — o Padre Cantalamessa vai expondo as sutilezas doutrinais em torno do maravilhoso legado que Jesus nos deixou: seu corpo e sangue em forma sacramental e incruenta, sim, mas real e não simbólica. O aspecto teândrico da Comunhão é por ele lembrado:
“Graças à Eucaristia nós nos tornamos, misteriosamente, contemporâneos do acontecimento. O acontecimento se faz presente a nós, e nós a ele.”
O que isto quer dizer? Que Jesus, sendo o Homem-Deus, transcende ao tempo e o seu sacrifício na Cruz é perpétuado e atualizado (não apenas representado) em cada Missa, na hora da Consagração. Não quer dizer — como parece que pensam alguns irmãos protestantes — que os católicos tenham a veleidade de “crucificar de novo a Jesus Cristo” (e para eles isto seria uma blasfêmia dos católicos) mas que o sacrifício de Cristo na Cruz, sendo único, se faz presente de forma mística através dos séculos, cada vez que uma missa é celebrada.
Cantalamessa lembra a necessidade de meditar, contemplar a maravilha que o Cristo nos proporciona sem que sequer o mereçamos:
“A vida divina que recebemos nos sacramentos só depois de ter-se assimilado na contemplação é que poderá exprimir-se concretamente nas ações, isto é, no exercício das virtudes, e em primeiro lugar, da caridade.”
Isto quer dizer que não se deve receber a Santa Eucaristia mecanicamente, como se fosse um simples gesto ritual e não um sacramento, a sublime recepção do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. Receber a hóstia e, por vezes, o vinho consagrado, sem elevar o espírito e sem transformar a devoção em boas obras (como tratar a todos da melhor forma possível) resultaria inútil.
Cantalamessa lembra ainda que o sacerdócio é serviço divino:
“Há algo ainda que é bom dizer a propósito do serviço pastoral, isto é, dos pastores, e é o seguinte: o serviço aos irmãos, embora importante e santo, não é o primordial nem o essencial; o mais importante é o serviço de Deus. Antes de tudo, Jesus é o “Servo de Javé” e depois é que ele é também o servo dos homens.”
Proposição sábia, sabemos que o mundo moderno tenta os cristãos, notadamente os clérigos, a desenvolverem uma atividade pastoral quase materialista, concentrada em obras sociais mas esquecendo a espiritualidade. Ora, o sacerdote ama as pessoas porque ama antes de tudo a Deus. E é Deus quem infunde em nossos corações a bondade que nos porá a serviço dos irmãos. Sem isso a vida religiosa termina sendo estéril.
Um grande e belo livro com menos de 130 páginas, para ser lido e guardado com carinho.
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2019.