Curso de Apologética Cristã: a prova da inteligência

CURSO DE APOLOGÉTICA CRISTÃ: A PROVA DA INTELIGÊNCIA
Miguel Carqueija
Resenha (parcial) do tratado “Curso de Apologética Cristã”, pelo Padre W.Devivier S.J. Companhia Melhoramentos de São Paulo (depois Edições Melhoramentos), sem data. Tradução: Padre Manoel Martins S.J. Subtítulo: “Exposição racional dos fundamentos da Fé”. Texto de apresentação pelo Cardeal Patriarca de Veneza, José Sarto (depois Papa Pio X), Dom Sebastião Leme (arcebispo-coadjutor do Rio de Janeiro, depois cardeal) e carta-prefácio do Padre Luiz Gonzaga Cabral S.J.

Neste excelente trabalho que o autor apelida modestamente de curso, após a apresentação de cinco provas lapidares da existência de Deus o eminente jesuíta belga parte para o que ele chama “a prova subsidiária”: “O escol das inteligências do gênero humano afirmou sempre esta existência”. E assim Duvivier derruba de forma contundente o mito, defendido pelos incrédulos, de que a Religião e a Ciência sejam incompatíveis e até inimigas mortais. Essa tolice não se sustenta em pé quando começamos a examinar os fatos.
Duvivier chama até o testemunho de pensadores que eram adversários do Cristianismo e, não obstante, criam na Divindade. Voltaire, por exemplo, declarou:
“Tudo é arte no universo e a arte denuncia um artífice. Examinai mesmo um caracol, um inseto, uma mosca, neles vereis uma arte infinita, que nenhuma indústria humana pode igualar. Forçoso é, pois, que haja um artista infinitamente hábil; e a este artista é que os homens chamam Deus.” “Provas contra a existência de Deus jamais as houve.” “O ateísmo é o vício dos tontos (sic), é um erro que nem tem lugar nos antros do inferno... O ateísmo especulativo é a maior das loucuras, e o ateísmo prático é o maior dos crimes. De cada opinião da impiedade sai uma fúria armada de um sofisma e de um punhal, que torna os homens insensatos e cruéis.”
Richet, ainda que positivista, deixou também afirmações taxativas sobre a real finalidade dos seres: “Será possível negar que o olho fosse adaptado à visão? Seria, a meu ver, cair num excesso de absurdo incrível querer supor que não há relação de causa e efeito entre o olho e a visão. Não é por acaso que o olho vê. (...) Duvivier comenta: “Esta página de um sábio eminente e positivista é esmagadora para as teorias do materialismo”.
E o autor elenca também um grande número de cientistas crentes. Astrônomos (Herschell, Laplace, Le Verrier etc), matemáticos (Euler, Cauchy etc), fundadores da Química moderna (Lavoisier, Berzelio etc), idem da Física moderna (Réaumur, Volta, Ampère, Faraday etc), naturalistas (Buffon, Linneu, Cuvier, Agassiz etc). Lembra ainda que o Dr. Dennert, protestante alemão, publicou um opúsculo (Die religion der naturforscher) examinando as posições de perto de 300 sábios sobre a fé religiosa. Não conseguiu esclarecer as posições de 38 e, dos demais, só vinte eram ateus.
Se Duvivier vivesse em nossos dias não deixaria de citar, por exemplo, Francis Collins e Jerome Lejeune.
E eu costumo dizer que a Ciência e a Fé são irmãs gêmeas.

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2019.