HOBSBAWM, Eric J. A Era do Capital. 15 ed. São Paulo - SP: Paz e Terra, 2012.

Segundo Hobsbawm a era do capital tem início em 1848 com a primavera dos povos, uma época em que a vida política contemporânea começou a se estruturar.

As revoluções foram feitas por trabalhadores pobres e tinham como porta-voz intelectuais jovens e marginalizados. Foi nesse período, que Marx e Engels escreveram e distribuíram em vários idiomas pelo continente o manifesto comunista com objetivo de difundir a consciência de classe dos trabalhadores no panorama político global. As diversas revoluções de 1848, foram motivadas sobretudo, pela fome e ocorreram quase simultaneamente, sendo vitoriosas e derrotadas rapidamente, porque seus governos entraram em colapso, recuando sem resistência, com exceção da França. Em 1849 todos os antigos comandos foram restaurados no poder e com mais força do que antes, como o império dos habsburgo e os revolucionários foram exilados e com eles a esperança de mudanças institucionais.

A principal mudança que ocorreu nessa época, foi a abolição da escravatura no império dos habsburgo e o início de um proletariado que começava a se autonomizar e deixar indefinida a categoria de plebe para dar início a classe operária a partir dos ideais do humanismo e da luta pela justiça social, ao lado dessa classe surgiram as primeiras organizações sociais, os partidos das ideologias como expressão da consciência organizada das classes.

As contradições que marcaram esse período deram a início a modernidade do século XX e a consolidação dos ideais liberais. Em 1860 a política tinha como base os principais aspectos, os dirigentes não podiam controlar as mudanças econômicas e políticas, mas, sabiam que precisavam se adaptar a ela, por isso, precisavam determinar concessões as novas forças, mas, sem ameaçar o sistema social.

Nesse período, os chefes políticos conseguiam combinar controle político com diplomacia. Esses políticos conseguiram unidade nacional de influência popular. Depois da morte de Napoleão os líderes preferiam evitar conflitos para não houvesse guerra, mesmo assim, aconteceu a guerra da Criméia envolvendo a Rússia de um lado e a Inglaterra, França e Turquia do outro. Com isso foi fundado um novo estado de poder a Itália. Em 1860 as novas estruturas de poder foram estabelecidas incluindo o medo de uma guerra geral e a política internacional tornou-se política mundial com o surgimento de duas potências não europeias, os Estado Unidos e o Japão, a construção das nações marca o processo de construção de estados-nações na europa.

O conceito de nação não veio da organização de estado territoriais do tipo do século XIX, é necessário a separação de nação e nacionalismo. Nação tem como base princípios de identidade coletiva, a construção de nações implicava a significação de transformações lógicas de nações em estados-nações soberanos com um território definido pela área ocupada pelos membros da nação, que por sua vez era definida pela sua história, cultura comum, composição étnica e a língua. A identidade era o critério histórico de nacionalidade, mas, o argumento ideológico para o nacionalismo era democrático e revolucionário, propunha que nenhum povo devia ser explorado por outro e os estados-nação eram entendidos como progressistas precisando ser territorialmente grande por questões econômicas, tecnológicas, militar e de organização.

O argumento pelo qual nações-estados se identificavam com o progresso era negar o caráter de nações reais aos povos pequenos e atrasados, portanto, algumas nações estavam destinadas á prevalecer sobre outras na luta pela existência. A fase de nacionalismo de massa tinha influência da camada média de nacionalistas liberais e democratas e estavam relacionados com o desenvolvimento econômico e político.

O proletariado com a burguesia existia apenas conceitualmente, na medida em que estados e nação coincidiam na ideologia daqueles que estabeleciam as instituições e dominavam a sociedade civil em termos de estado implicava em política em termos de nação, logo o estado seria a materialização de nação. Essa nação não é algo espontâneo mais é um produto e como tal os estados europeus se valeram da educação para reforçar essa ideia de nação. Foram criadas escolas e universidades, com objetivo de impor valores nacionais, moral e patriotismo, impuseram línguas, pois ao impor uma língua nacional, impõe também cultura e sociedade. O nacionalismo era compatível com o liberalismo burguês, um mundo de nações seria portanto, um mundo liberal e um mundo liberal seria feito de nações. Mas, a relação entre os dois não é tão simples, as forças da democracia exigiam a participação do homem comum nas ações do estado.

Países desenvolvidos e industrializados perceberam que teriam que abrir espaços para as forças populares, o liberalismo que formava o mundo econômico burguês não tinha defesa teórica contra tal contingência, na França onde três revoluções já haviam começado a exclusão das massas da política eram utópicas. Há influência da ciência, religião e ideologia para onde uma sociedade acreditou que o crescimento econômico repousava na competição da livre iniciativa privada e no sucesso de comprar tudo no mercado mais barato, inclusive mão-de-obra barata e vender no mercado mais caro. Essa é a sociedade que surgi do capitalismo industrial, da escola mundial e da ordem social que o representa nas ideias e credos que parecem legitimá-los na razão, ciência, progresso e liberalismo. Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais e sociais provinham de um só princípio e passa a abandonar as causas do fenômeno deus ou natureza. Seu positivismo era a imutabilidade das coisas e a impossibilidade de qualquer conhecimento finito ou absoluto.

A teoria darwinista fornecia pela primeira vez um modelo de explanação satisfatório para a origem das espécies e refletiam os conceitos principais da economia liberal que era a competição. A antropologia desenvolveu o conceito de raça mostrando a diferença entre povos brancos, amarelos e negros.

Zeneide Cordeiro
Enviado por Zeneide Cordeiro em 24/07/2019
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