Premiado
Premiado- Escobar Franelas- Desconcertos Editora
Lendo Franelas, presencia-se uma obra de entendimento simples e o vocabulário oscila entre a regionalidade e a rico. Inteligentemente escrito, o autor desenha as frases com minúcias; detalhes absurdos...
A gente enxerga o que está por ali e até um pouco além.
A cada palavra lida uma imagem se faz em nossa mente; é como se estivéssemos ali espiando cada passo, cada respirar, cada dúvida do personagem. E por vezes nos pegamos opinando: faça isso! Faça aquilo, seu bobo!
É incrível como a gente passa a morar no contexto;
Pelas bem traçadas linhas “Escobarianas” lemos cores, cheiros e “sentires”.
A poesia está pelas entrelinhas afora...
A sinestesia floreia os caminhos traçados e os não traçados pelo autor.
Há uma sensibilidade e fineza na composição do romance, que em quase quatro dias, se mostra uma “vida”.
De segunda à tarde à quinta-feira cedo, para o personagem representou uma eternidade; do momento em que soube que era o premiado da loteria, até decidir ir ao banco, o personagem sentiu coisas jamais sentidas, quiçá inexistentes.
Os seus vários “eus” em desencontro; conflitantes.
Dias dormentes, pensamentos em borbulhas, dores na carne; a realidade e o imaginação divididas apenas por uma tênue linha, tão próximo de uma loucura solitária.
Um “destrambelhamento” emocional agredindo o físico, uma timidez descabida levando a lona toda uma vida, que até então, pacata e rotineira.
Um personagem absolutamente fiel a si, fiel do seu segredo.
Família, amigos e amores pesando na travessia de uma classe social para outra, num quase suspense poético de leitura viciante.
_E tu, o que ‘Farias’?
Uberlândia MG