Contos e romances de Voltaire

CONTOS E ROMANCES DE VOLTAIRE
Miguel Carqueija

Resenha da coletânea “Romances e contos, volume 1”, de Voltaire. Difusão Europeia do Livro, São Paulo-SP, 1959. Clássicos Garnier, coleção dirigida por Vitor Ramos. Tradução de Lívio Teixeira. Apresentação e notas: Henri Benác. Título original francês: “Romans et contes”.

Autor francês do século XVIII, filósofo livre-pensador e deísta, Voltaire foi um acerbo inimigo da Igreja Católica e isto se manifesta até na sua obra de ficção. Seus textos são inteligentes e até engraçados, apesar da técnica de redação já ultrapassada, com a ação sendo resumida. Infelizmente ele só vê escuridão na religião, sendo portanto um desses autores anticlericais que não dão chance alguma ao Cristianismo apesar das suas luzes inegáveis. Para início de conversa os religiosos de Voltaire, como os de Walter Scott e tantos outros autores, são interesseiros e lascivos.
“Micrômegas” tem a característica de ser uma primitiva ficção científica (a visita de dois gigantes extraterrestres ao nosso planeta). “Zadig” fala de um homem que procura fazer o bem e cuja situação vai se complicando cada vez mais (como se não adiantasse fazer o bem). “Cândido ou o otimismo” zomba justamente desta virtude. “O ingênuo” conta sobre um índio que vai parar na França e acaba, por uma intriga estúpida, aprisionado na Bastilha, sem julgamento sequer.
Sem dúvida Voltaire é bastante ácido contra a sociedade de seu tempo, ele demole mais do que constrói e não é à toa que Napoleão terá um dia declarado, não poder governar um povo que lia Voltaire e Rousseau...

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2019.